faltam menos de 50 paginas pra eu te esquecer. e se, por um raio de tempo, eu desabotoar em cor? ontem chorei em silêncio no quarto escuro. chorei pelo passado que não foi, pelo presente que não é, pelo futuro que não sei. quando vi aquela pilha de cadernos a serem usados, e aquela pilha de livros a serem lidos, senti uma vontade enorme de dormir. tive medo de fechar os olhos: os fantasmas que guardo em mim gostam da escuridão da mente. mas, e se, por um raio de luz, eu desbotar em flor? o livro foi se despedaçando em minha mão, e meus cabelos borbulharam como os de sierva maria. como o champanhe, estourando ao ritmo da música. e cada explosão, de cada bolha, de cada nota, todas cheias de dentes, me fez acreditar naquela única promessa, tão simples, e tão complexa. de tudo aquilo que só faz sentido na minha cabeça, só vou guardar a loucura.
29/12/2010
22/12/2010
feliz natal
toc toc toc toc
toc toc toc toc
a rua vazia
toc toc
branca
das lampadas que me dividem
em três
toc toc toc toc
a boca seca
toc toc
do álcool
toc toc toc toc
a rua vazia
toc toc
branca
das lampadas que me dividem
em duas
toc toc toc toc
a língua escura
toc toc
como o sapato
toc toc toc toc
a rua vazia
toc toc
branca
das lampadas que me dividem
toc toc toc toc
os lábios ardem
toc toc toc toc
toc toc toc toc
filho da puta
13/12/2010
thé des amants
os três corações partidos:
o meu, o dele, o dela.
vou servir chá para os amantes:
muito açúcar no meu!
gosto dele amargo mesmo...
e o seu?
prefiro café, obrigado.
08/12/2010
d'alguns dos demônios
a grama foi ficando branca e azul, numa vertigem que o espaço ia diminuindo. hoje eu sou o próprio cão que mordeu sierva maria. eu odeio aqueles que amam, porque eu não. tudo aquilo que incha o epíploon e esmaga as tripas, não passa de medo? quis ler a bagaceira só pelo título. quis uma lobotomia. não tenho tempo pra escrever sobre a falta de tempo. não tenho paciência pra escrever sobre a falta de paciência. e eu ainda insisto nesses dias de pouca inspiração...
05/12/2010
ouriço do mar
e essa sede tão estranha... quis arrancar meu útero com os dentes. meu útero bicorno. foi uma coincidência eu trocar meus órgãos de lugar? o pequeno epíploon pulsando. a mariposa farfalhando. presa dentro do copo, presa dentro de mim. e o veneno destilando. sonhei que era perseguida por um leão e mordida por uma cobra. tive medo de morrer, acordei. freud explica. aqueles narizes naqueles pescoços: mariposa na lâmpada. aquela alegria, aquela raiva, aquela tristeza. aquele medo e o amor, tudo junto e misturado. eu quero gavetas! eu quero separadores de gavetas! eu quero caixas e etiquetas! cabides! quero organizar meu quarto! meu armário!! minha cabeça!!! e aí eu pensei em maneiras de mudar minha vida. fiquei na dúvida entre dormir, acordar e fingir que tudo não passou de um sonho, e falsear minha morte, mudar de nome e de país. me disseram que eu era um ouriço do mar. lembrei da maldade infantil, que tirava sangue junto com o leite da mãe. pensei no derrame cerebral, na inundação do mundo. e aí a noite acabou. acordei na hora em que cheguei no instituto butantan. talvez devesse me chamar Luisa.
01/12/2010
FNX
e depois de um ano, depois do vazio, da eterna negação, eu volto. com a pretensão da fenix. com a obsessão de sempre. sem tempo. com vontade. sem assunto. ouvindo uma musica que me da vontade de correr. pensando em discussões maiores que nossa era. querendo abraçar o mundo, perdoar e amar de novo. mas o frio na minha barriga não me deixa nem terminar esse parágrafo.
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