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27/11/2014

14/11/2014

21/10/2014

novos inquilinos

eita, manoel! você vai se pousar ali, entre hilda e mário, perto de carlos e clarice, bem ali, naquele canto ali do meu coração, e vão assistir minha vida, em prosa e canção.

19/09/2014

o tempo passa? não passa

o tempo passa? não passa. e se amanhã ainda for cedo para dizer eu te amo, mandarei trazer carlos do além para nos lembrar que sempre é tempo de amar, e que o tempo é nosso. façamos o tempo, revoada, folha no vento! é possível amar as pedras, mas sozinho, porque das pedras só vem silêncio. amor simples do dia a dia brota da terra sem pingo d'água ou fio de sol. está lá, sempre esteve, esperando o tempo de nascer. é coração redescobrindo infância verde e viva.

o tempo passa? não passa. à meia noite te chamarei de amor. e num domingo preguiçoso seguro a página do seu livro para que você possa me fazer um cafuné enquanto lê. vou dormir ao som do papel no dedo, o movimento do teu sopro embalando meus sonhos.

31/08/2014

eu só quero o seu bem

agosto terminou, não sem um coração partido, mas a chuva pingou estrelas por cima da lágrima, lavou a ferida e fechou o domingo anunciando a primavera.

28/08/2014

journal BXVI

o livro me disse que eu poderia ser maior que as árvores. 

à meia noite plantei o ipê que faltava em meu coração.

17/08/2014

a lágrima fracionou a luz da purpurina em um céu cheio de estrelas

a lágrima fracionou a luz da purpurina em um céu cheio de estrelas. uma cadente correu veloz. fechei os olhos e fiz um pedido. desejei nunca ter te amado.

08/08/2014

journal BXV

eu poderia passar a tarde toda naquele banco, desenhando árvores nos meus sonhos. o vento seco faz trincar a pele. a folhinha rola na pedra, tem som de besouro. volto pelo caminho das azaléias. sinto que falta alguma coisa. o celular, meu amigo, minha companhia de almoço. ele, mais sábio do que eu, demorou-se mais por lá. fui buscá-lo sem medo de sujar o sapato na lama ou de levar uns pingos de chuva da torneira vazante. não desço os olhos do céu. o pássaro negro, enorme, plana lento, quase imóvel, no azul. é como a morte. volto pelo caminho das azaléias. o vento seco faz arder os olhos. antes de entrar no escritório, visto o casaco para guardar o sol.

07/08/2014

estou esperando você entrar por aquela porta

desejo, desejo
cada vez mais, desejo a boca,
o contorno da tua boca,
tão fino...

a forma do teu corpo,
pele e pelo tocando a ponta do dedo

desejo, desejo
cada vez mais, teu segredo,
teu mistério,
o silêncio da tua história

tua experiência em amar

teu riso

meu riso no teu riso

cada vez mais, tua ironia,
tua verdade

ah... se o tempo nos tivesse posto antes
o que seria de nós?

e agora, tanto desencontro depois
o que será de mim?

lagrimundo

a minha saudade já não cabe nas palavras
não cabe no meu corpo, não cabe nesse mundo
não caberia nem em uma vida

cabe apenas em uma lágrima

28/07/2014

aqueles momentos felizes

vendo teu rosto na fotografia - como era que se parecia? já perco alguns traços para o tempo -  me lembro de nós dois. como fui feliz ao teu lado. era como se a morte nao existisse. o tempo era nosso: os relógios sem hora nos prometiam a eternidade. entre olhares, cheiros, carinhos e palavras, edificamos o amor. mas éramos de açúcar e bastou uma chuva para ruir nosso templo.

hoje, deitada sozinha, no escuro, repenso aqueles momentos felizes. a garganta aperta e uma lágrima me escapa. contrariando todas as minhas ordens, meu coração ainda espera por ti.

25/06/2014

o pântano pode ser a piscina da sua casa

eu queria saber descrever o meu estado de felicidade, mas eu não sei definir esse sentimento complexo de tão simples. eu só posso falar das minhas imagens. e de como a música me imerge numa piscina turquesa, onde solto bolhas e mais bolhas de um ar que vem de dentro. de um corpo que se auto respira e alimenta. é um estado de cócegas, por dentro, mas não das que a gente se contorce de riso que dói, mas aquele estado de alerta engraçado. eu vejo nuvens de água, salpicando o rosto de fresco num dia amarelo. e todas as mazelas do mundo são pequenezas perto da esperança que trazem à mão.

aí ele disse que não estava pronto, mas eu queria dizer que ninguém nasce pronto pra vida.

firmei o olho, e a esperança que trazia entre os dedos era de açúcar. tropecei e caí. ralei um pouco os joelhos. a chuva derramou dentro do copo, bebi de um gole só. o doce fez um carinho no coração vazio. limpei o canto da boca com as costas da mão, e se é pra falar de imagens, o ar está limpo, de uma transparência úmida. o céu cinza a gente faz destacar o verde.

15/04/2014

feitiço para conceber fantasmas, ou poema para a lua

em noite de lua sangrenta, 
sobre terra fértil e molhada ainda da chuva,
pousa teus pés descalços 

ouve o som que o vento leva
que o silêncio é a voz da saudade

em noite de lua sangrenta, 
com a unha do gato, negro como o céu 
sob o qual te escondes,
fura o dedo

e derrama teu coração
quente, vermelho, e vivo 

como foi o amor um dia

em noite de lua sangrenta,
com voz de cigana,
canta o nome
três vezes,

que do recôndito mais oculto da carne 
ele ressurgirá.

12/03/2014

im traum verpasst

em uma noite demoníaca
dessas
em que o vento sopra maldições
nos recônditos mais sombrios
das mentes perturbadas,
você me apareceu em um sonho.

voltava cheio de promessas


e eu acreditava. 

o gozo IV

o gozo desceu o corpo
molhou cabelos,  rosto
e coração.
como lágrimas quentes
foi te varrendo para dentro,
cada vez mais querido.

18/02/2014

das declarações

ah menina...
tens o cheiro fresco de flor
e a pele molhada de lua
olhos cor de vento
e ondas de mar nos cabelos

ah menina...
se tu soubesses do amor...

30/01/2014

não se preocupe, eu dou um jeito

meu caro senhor,

se te assusto, respira. não penses que meu amor é para sempre. edifico, é verdade. podes ocupar o mais alto arranha céu do meu coração. mas também sei demolir. um dia, a luz na janela me dirá: - é hora. 

e com a ponta dos dedos retirarei apenas um bloquinho: aquele único vermelho que te sustenta. 

23/01/2014

das noites sem estrela

fui para o jardim. olhei para cima, a sua lua não estava lá. era noite escura sem estrela. fechei os olhos. tomei uma chuva fina ao seu lado. quando os abri, outras luzes iluminavam o céu.

journal BXVI

eu sei que eu nasci para o amor. é por isso que eu tenho tanto medo.

07/01/2014

das mil cartas de amor do tempo

meu caro senhor,

a certeza dentro de mim é tão grande que nem toda turbulência do mundo me dirá que estou errada. os abutres contornando o céu prenunciam tempestade. sim, a que nós criamos e que agora nos consome. a que eu criei e que agora me consome. talvez seja isso afinal. eu não vi o raio que nos, que me partiu. todo dia eu penso nas mil cartas de amor que te escreveria, que te escrevo diariamente. toda noite eu durmo esperando raiar o dia em que não te verei mais nos meus sonhos. 

todo dia é dia do teu nome, é dia do teu rosto. te dedico cada hora, cada minuto, e se por um acaso me deslembro, é o tempo que você precisa para ser mais um pouco dentro de mim.

mas algumas musicas me desenterram de você, te desenterram de mim. me vejo cravando os dedos no coração, enchendo as unhas de terra e te puxando lá de dentro, rasgando pele, me salvando. e é durante essas notas que eu retomo meus minutos, minhas horas, minha memória, uma a uma, gota a gota.

e ainda que cada linha, cada corda arrebentada, cada letra molhada, sejam para você, e serão até eu esquecer, eu sei que é o tempo quem conta as histórias. então sento na pedra, os pés dentro d'água, e espero o vento levar sua sombra. eu sei que o sol já não queima, então sento na pedra, os pés dentro d'água, e espero o vento levar sua sombra.