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26/04/2011

procura-se poema

moribundo, sonâmbulo
perdido na noite
entre tantos outros
esquecidos antes do sono
fugido das entranhas
escondido de mim

procura-se poema
paga-se recompensa

18/04/2011

do piano e da respiração

a cada oitava você me perde uma nota. a cada tempo o olho abre, o olho fecha. e cansa, e mente, e esquece.

a lua me espia da janela. me vê, me lê, me constrange, me paquera, me seduz. nua lua.

a música vai tocando. a voz ecoando. no oco da cabeça, como se uma banda inteira ensaiasse perdida dentro de mim.

a loucura mata, o tempo mata, o amor morre.

a cada oitava eu dou um passo. pra frente ou pra trás?

das escolhas feitas, só nos resta viver.

nada será igual, nunca mais.

nós seremos sempre sozinhos

e ainda assim...

17/04/2011

flor de carnaval

o corpo não estava.
os olhos não olhavam.
por onde será que ela sentia?
era isso a droga.
a rosa no ombro,
o movimento automático.
o sorriso simpático,
as mãos no bolso,
e a purpurina
morrendo de solidão
no meio do deserto
omoplata.

07/04/2011

e eu aqui, sentada nessa montanha russa

aquela ansiedade. aquele medo de morrer. aquela certeza de que isso não pode estar certo. o mundo dos altos e baixos. loopings sem fim. perc'o centro. pressão na cabeça. grito. grito. grito. o tempo suspenso naqueles trilhos que passam, tão rápido! grito mais. o coração pra saltar dos olhos. nada parece real. grito ainda. sem voz. coração ainda. tão rápido! pressão ainda. pra que? por que? aaaaaaaarrrrrrgggghhhhhhhh!!!! rio desesperadamente.

02/04/2011

da esperança renovada

essas idas e vindas da vida... que cara de menina que essa menina tem! ela sonha com o mundo... posso ver na sua loucura. soltou suas asas e agora, só os parafusos no chão. faz sorrir meus olhos mergulhados em graça. faz subir como as bolhas para tomar fôlego. a cortina dança para a janela que esquece da paisagem. o piano dorme ao fundo, embalado em silêncio. os colares tilinteiam na madeira e o sol desnuda o vidro em vultos de cor. os pássaros? ah, que amor de pássaros... andorinhas de fraque e cartola se enroscando em fitas amarelas. oitenta centavos o metro em algodão. já posso ver a ponta que desfia... próxima vez fico com o cetim. romantismo barato!