eu queria saber descrever o meu estado de felicidade, mas eu não sei definir esse sentimento complexo de tão simples. eu só posso falar das minhas imagens. e de como a música me imerge numa piscina turquesa, onde solto bolhas e mais bolhas de um ar que vem de dentro. de um corpo que se auto respira e alimenta. é um estado de cócegas, por dentro, mas não das que a gente se contorce de riso que dói, mas aquele estado de alerta engraçado. eu vejo nuvens de água, salpicando o rosto de fresco num dia amarelo. e todas as mazelas do mundo são pequenezas perto da esperança que trazem à mão.
aí ele disse que não estava pronto, mas eu queria dizer que ninguém nasce pronto pra vida.
firmei o olho, e a esperança que trazia entre os dedos era de açúcar. tropecei e caí. ralei um pouco os joelhos. a chuva derramou dentro do copo, bebi de um gole só. o doce fez um carinho no coração vazio. limpei o canto da boca com as costas da mão, e se é pra falar de imagens, o ar está limpo, de uma transparência úmida. o céu cinza a gente faz destacar o verde.