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05/05/2011

derrame cerebral

a chuva entrou no meu quarto pela janela do meu corpo. a gotinha correu o vidro como uma estrela cadente. fiz um pedido. quanto mais eu dentro do mundo, mais mundo dentro de mim. vazamento do ser. pedi pra chorar lá fora e não dentro de mim, pra verter no coração dos outros, não no meu. pedi pra ser aquilo que sempre quis. pra parar de ouvir aquela música, pra que ela parasse de falar comigo, pra que meu cérebro voltasse a si. quis me embriagar de pol rémy e vomitar poesia. poesia tripenta, dessas guardadas, revirando o estômago na ressaca. maldita insônia lúcida, maldito corpo cansado. a chuva entrou no meu corpo pela janela do meu quarto. a gotinha correu o vidro brilhando com pressa. tremelicando, deixando rastro de lesma.

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