olhar pra dentro e ver o feio, acordar o monstro. monstro desses sem nome, adormecido, esquecido nas entranhas, e que agora urra de ira. urra de dor de quem dormiu a vida inteira, de dor de quem tem fome, de dor de quem descobre que está vivo. ó monstro, tem piedade desse humilde corpo que te serviu de abrigo, que te aninhou no escuro enquanto o mundo corria lá fora. monstro, essa luz que te cega é passageira, são teus olhos sensíveis que doem. é teu estômago vazio que dói. são tuas pernas que tem cãibra. e isso que arde, é o ar seco entrando em teus pulmões, rachando teus lábios. monstro, escuta teu coração que bate sem pedir nada em troca. teu cérebro que faz tu, monstro que és, seres. eu estou aqui, do lado de fora, e só agora te descubro. então descobre a mim também, porque depois de te saber, não sei mais o que é a beleza e o amor e a gratidão e a paz. agora que você acordou, aprende a visão e a audição. me vê, me escuta, me descobre esse mundo que eu já esqueci, me ensina o que eu desaprendi. quem sabe a gente não faz as pazes, eu monstra embalada em sonhos ninados, e tu, novo eu encantado em novo mundo.
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