é me arrastando pela terra que eu reencontrarei minha delicadeza, porque é da boca do verme que brota a vida. com o rosto colado ao chão, e o peso do mundo nas costas, descobrirei que o brilho do muco das minhocas reflete as estrelas do céu, e que os poros das pedras suam gotas de sonho. descobrirei que orvalho é espelho de borboleta, e que o excremento dos seres mais asquerosos é feito de açúcar.
entre figos, maçãs, e unicórnios, destruirei minhas lembranças de vidro. cortando pele, do sangue farei um chá paramim. um chá paramar. a luz que entrar pela janela revelará fadas azuis na poeira que se respira, e o amor terá o som de um estalo, do beijo de duas pálpebras.
depois, quando eu me levantar, dançarei a hula para os demônios, no escuro, até o sol raiar.
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