ela estava ali, sentada no meio daquelas pessoas. todas aquelas pessoas conversando barulhentas e ela. era como se estivesse à parte, como se visse tudo de outro lugar. será que já tinha se tornado uma delas? ela morria de medo disso. se vigiava o tempo todo para não assimilar os trejeitos, as roupas, os cabelos. ela morria de medo de se tornar uma daquelas pessoas porque sabia que quando isso acontecesse, o mundo a engoliria. mas do jeito que estava ali, roupinha listrada, jeitão de menino, ela ainda era uma criança cheia de sonhos. ainda era ela que tinha fome de mundo, e não o mundo dela. enquanto estivesse ali, à parte, ela ainda sentiria o gosto do arroz e do feijão. ela ainda saberia o cheiro da chuva e a cor da saudade.
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