a noite chorou de saudade, molhando a rua e transformando o vidro da janela num céu cheio de estrelas. escrevi meu amor na palma da mão que era pra guardar na pele.
25/02/2013
22/02/2013
journal BXV
sentia que minha força se esvaía pela ponta dos dedos. que eu deixaria o prato cair. era só um prato vazio, afinal. ele disse não. e eu já não conseguia mais espetar a rúcula com o garfo. qual era a chance daquela negativa? por que eu nunca previa a estatística da possibilidade? mastiguei uma gordura. era dia de feijoada. e agora, o arroz e o feijão que há pouco eram alimento, pareciam cocô. só a salada permanecia verde. talvez porque eu não conseguisse enfiar uma rúcula inteira na boca. talvez porque ela nunca fosse plenamente digerida. entrei em uma espécie de transe naquele lugar onde todos eram dentes e crachás. onde tudo era uma questão de plins, tecs e blás. toda sexta feira ele comia feijoada na barra. agora, toda sexta feira ele comeria feijoada em brasília. e eu também. pediu um petit gateau. gastronomia não era seu forte. comi a manga solitária que sobrava. junto com o feijão, a couve e a linguiça. tudo viraria cocô, afinal. agradeci mentalmente por mais uma história para contar. pedi licença e fui para a fila do chá de maçã. alguma coisa precisava me ajudar a digerir aquela rúcula.
20/02/2013
ainda me mata de saudade
sim, cada vez mais distante. cada vez mais sem cheiro, sem voz, sem rosto. vou te encontrando pelas esquinas, mas são os outros. vão roubando tua beleza, mascarando-se na ilusão feliz e cheia de medo de te ser. o vidro era feito de céu e o sol era a tua pele que me aquecia. é quando
eu volto pra casa, quando tudo é fantasma, que eu lembro de você.
07/02/2013
o tempo e a morte eram apenas mais uma história no caderno
a nuvem era um fio de luz, um raio cortando o céu da manhã. o amor era um beijo no rosto, e a beleza era para sempre
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