nós nos encontrávamos no meio de uma nebulosa. e éramos pura luz. mas no meu sonho de estrela, você era supernova.
29/04/2012
28/04/2012
journal FI
música sempre me desperta. senti uma saudade imensa da frança. editar e publicar o journal que escrevia enquanto morava lá já estava criando teia na minha wishlist.
peter e john me deram um empurrãozinho.
10/08/09
Ois bens!!
Então, como prometido (ou semi prometido) vim contar sobre minhas
empreitadas (ou quase empreitadas) francesas! Cá estou em Paris, falando
como uma portuguesa, porque aqui tem muito portugues. Mas também tem
muito árabe, não da nem pra fazer aquelas brincadeiras de contar quantos
a gente vê num dia! Tem muito indiano,
muito brasileiro, muito americano, muito canadense, muito alemão, só não
tem frances! Na verdade, eu acho que os franceses já se mudaram
todos daqui e ninguém reparou ainda... se duvidar eles estão todos aí no brasil!
Bom, mesmo tendo grande maioria imigrante, ainda sobrou muita gente
bonita! como tem gente bonita por essas bandas! todo mundo é bonito, o
lixeiro, o pedreiro, o cara do super mercado, o mendigo, todo mundo que
aí no brasil a gente fala afe, aqui a gente fala afe também, mas no outro
sentido! As mulheres são lindas! As mais mal arrumadas - e elas põe cada
roupa que nem parece que aqui é o pólo da moda - são lindas,
descabeladas, sujas e rasgadas, porém lindas. Tomara que eu consiga
descobrir esse segredo inato do europeu: como ficar lindo e descolado em
qualquer circunstancia, hipotese ou situação!
E que situação. Venho descobrindo das piores maneiras que não sou mais
uma turista. Subindo 30kgs de mala 3 andares acima, subindo compras,
descendo lixo, esperando a roupa lavar, andando feito louca, suando em
bicas, pegando 3 metrôs e bonde pra chegar em um lugar e descobrir que
está fechado. Até porque aqui nada abre em dia nenhum! Ô lugarzinho
preguiçoso! Abençoada seja brasilia que tem restaurantes e farmacias
abertas nos sabados e domingos, porque aqui a política é beijos morra de
fome e de doença que é menos um pro seguro social!
Em 4 dias de Paris, da Paris que todo mundo conhece só vi foi Versalles -
que nem paris é - a Torre eiffel de um lugar maravilhoso que foi o
Palacio Chaillot, que eu encontrei por motivos completamente
diferentes: um festival de cinema ao ar livre, de graça, sem nem esperar a vista maravilhosa que eu
estava prestes a descobrir, e a notre dame, que eu vi passando na frente com
certa pressa.
Aqui se chega exausto em casa, que não da coragem de levantar o braço
pra ler um livro. Aqui o dia voa, assim que você levanta já é de tarde, e
quando você chega no lugar, já anoiteceu e quando vai dormir, já passa da
00h. Terrível!
Aqui também tem muito baby cor de rosa, papel
higienico cor de rosa em caixinha já cortado, privada separada do
resto do banheiro, muitas pessoas nas gramas fazendo piquenique, muita
havaiana e muita padaria/café. E falando nisso, esqueçam o pãozinho
frances do supermercado. Porque o pão frances de verdade é duro e seco! O
misto daqui é duro e seco, tudo em termos de sanduiche é duro e seco!
Bom... então resumindo a história... de interessante, foi ver uma parte
que eu ainda não tinha visto de versailles porque estava em reforma; o papel
higienico engraçado; perceber minha falta de folego nas escadas diarias;
ver um mooooonte de meninos skatistas de todas as idades e tamanhos
tomar o saguão do metrô. Ah! e eu
também levei uma pombada quando entrava numa loja de departamento. Eu literalmente quase fui atropelada por um pombo. Cheguei a
sentir a asa dele na minha boca! ECA!
Além disso, tem o banheiro aqui do alojamento que eu to morando. O box é tão pequeno que se você fizer um movimento errado, desliga o chuveiro com o cotovelo. E se agacha, encosta um joelho em cada parede. Imaginou? Pois é, a partir de hoje, todo mundo beijando seu box, seu elevador, seu rolinho de papel higienico, seu carro e a empregada de casa!
Lógico, que eu reclamei pra burro, mas aqui tudo é lindo e ótimo, pelo
menos por enquanto - ainda não deu muito tempo de dar tudo errado - as
pessoas tem sido muito educadas - desmentindo aquele papo de que frances
é grosseiro - e meu nariz tem funcionado melhor do que nunca! Uma
maravilha respirar bem!
Então é isso pessoal, ta aí o email imenso que dá preguiça de ler e de
escrever! Favor encaminha-lo pros queridos que não foram contemplados. Lembrem-se que meu
aniversário ta chegando e eu vou passar ele sozinha! preciso de muito amor!
Para todos uma boa semana, um beijo, um queijo e um vinho frances!
27/04/2012
25/04/2012
até o coração parar de bater
explosions in the sky. escuta, a noite fria como o vento do mar. os olhos turvos de sonho. tudo é luz e movimento. tudo é dente, loucura e tempo. é vida acontecendo. correr, correr, correr. ficar na boca da água e sentir o cheiro da tempestade. amar, amar, amar. nascer e morrer várias vezes no mesmo dia para sempre. repetir, recomeçar.
poncã
abrindo poncã como abro coração
rasga pele casca tecido textura fibra
dissipa cheiro perfume fragrância
sente o gomo o doce o fresco
escorre suco mela dedo
mastiga devagar
escamas de mel
paisagem de neve
devora como se fosse bicho
mas com ternura de beijo
porque é coisa viva
23/04/2012
22/04/2012
e cada um tem um nome
caíram todos
transbordavam da boca
uma vez foi cimento
noutra gesso
e agora pipoca
p i p o c a! ha ha ha
o dente é dentro
o dente é dentro
o dente é dentro
e tudo é nuvem
passarinho que come pedra
sabe o c* que tem
transbordavam da boca
uma vez foi cimento
noutra gesso
e agora pipoca
p i p o c a! ha ha ha
o dente é dentro
o dente é dentro
o dente é dentro
e tudo é nuvem
passarinho que come pedra
sabe o c* que tem
18/04/2012
uterus
o céu estava ali, devassado na minha frente. era tão azul... era indecente! e como me engolia. eu já não era uma mulher com sede de mundo, era uma menina sozinha no tempo. era um soco no estômago, era a vida tomando conta de mim. vida, eu quero que você aconteça, mas eu tenho tanto medo! quando olhei para o lado, vi a chuva que chegava ameaçando frio e escuridão. eu queria gritar, sair correndo e avisar o céu, queria salvar a calmaria azul. queria roubar aquela chuva pra mim, queria que ela me alcançasse, pois eu já era tempestade. mas quem me encontrou foi minha mãe. e no tempo de um abraço a nuvem desapareceu. clarice estava certa: mãe é não morrer.
15/04/2012
das belezas antigas
tua beleza não data dos poetas boêmios
nem dos príncipes imperadores
beleza perdida no tempo
de outra existência
beleza de estátua
soldado, artesão, filósofo...
quantas histórias eu vejo no teu rosto
13/04/2012
journal BV, journal FXXVIII, journal, journal!
hoje uma borboleta pousou em mim. o drama durou uma vida inteira, e apenas um segundo. é engraçado como o tempo das idéias e dos sentimentos é diferente do tempo físico. é como aqueles velhinhos que andam sozinhos na rua: é uma outra vida.
é da ordem do milagre querer alguém que te quer igual, uma amiga me disse. não quis acreditar.
eu gosto mais de paris durante a noite. quando o ar é fresco e nebuloso. com todas aquelas lâmpadas sombreando a cidade. quando as pessoas são vultos negros dobrando a esquina. eu poderia ser um poeta boêmio do século xix. eu e mais dois amigos, andando torto pelas ruas, cantando odes à cidade luz, cheios de ópio, brandy e vinho correndo no lugar do sangue. nos inspirando amar e odiar.
nós seremos sempre sozinhos, um amigo me disse. chorei porque sabia que era verdade.
as mãos de balzac são quadradas e grossas. os dedos todos do mesmo tamanho com pontas arredondadas e unhas pequenas. mãos atarracadas. lembram um pouco as minhas. mas foram aquelas mãos sem charme que o fizeram balzac.
give me love and light everytime you think of me... then drop it, um filme me disse. tento praticar.
sonhei que ia pescar peixe boi, mas pareciam mais sapos do que peixes, ou bois. da rede eu tirava um cachorro pequeno e nervoso.
um dia desses fiquei trancada num quarto de hotel com um mosquito do tamanho da minha mão. quarto do pânico.
noite branca. pessoas na rua. e aquela mulher na cafeteria, colocando gelo dentro de uma garrafa, compulsivamente, com uma colher.
eu ainda me lembro do meu primeiro olhar sobre paris. é engraçado como, quando turistas, a cidade muda nos olhos. as cores, os cheiros, as ruas, tudo tem outra forma. e é isso, eu ainda me lembro com que cor, forma e cheiro paris um dia foi pra mim, mas que agora já não é mais. dois anos depois de escrever esse parágrafo não recordo nada.
em brasília, me deparo com velhos sentimentos. daqueles piores que a gente sempre tem esperança de não reencontrar, mas que no fundinho, fundinho do ser, sabe que ainda vai várias vezes. um deles é a raiva. raiva das pessoas bonitas e das feias que se passam por bonitas. que disco quebrado! que murro em ponta de faca! que saco!
há duas semanas comecei meu processo de revolução. apaguei fotos, bloqueei facebook, deletei telefones. morreu. enterrei tudo vivo. agora se vejo um fantasma, fecho os olhos. é feio, é triste, mas é a solução. me afundei no trabalho. sem tempo para pensar, nem para lembrar. o cansaço me jogava na cama, de um sono direto para o outro. depois cortei o cabelo: sai nhaca! pintei as unhas. comprei bijuterias novas. o próximo passo é uma massagem. esse parágrafo remonta 2010. dois anos se passaram e eu nunca completei meus planos. tudo novo de novo. me apaixono uma noite. sofro mil.
pensei em escrever sobre meu avô velho. 90 anos. bateu aquele medo da morte. não o fiz.
as pessoas me perguntam se estou bem. parei de responder, acho hipócrita. ninguém me chamou de chata. depois de um tempo experimentando sem sucesso, voltei a fingir ser uma pessoa normal e feliz. também não funcionou.
nesses tantos anos sem journal... foram tantos assim? no aeroporto, trocando olhares com desconhecidos, viajantes, passageiros, para lá e para cá com seus pezinhos e rodinhas. todo mundo anda, todo mundo fala, todo mundo com pressa, com importância de viver. fechei meu mundo com música. a falta da internet me reaproximou da minha memória, e cá estou acrescentando algumas palavras nela. foram tantos anos... dois. isso é muito? não falei do meu avô e meu avô se foi. quantas malas! malas maletas malinhas mochilas bolsas sacolas. parem agora de desfilar na minha frente, vocês me deixam ansiosa! não falei do meu avô e meu avô se foi, sem mais, deixou só um bilhete. coisa mais romântica os bilhetes e as cartas... me comovem.
nesses tantos anos... meu avô. e muitas viagens. minas goiânia goiás velho. rio são paulo. brasília. nesses tantos anos... muitos amigos novos. alguns inimigos também. que maravilha! era isso que faltava: um pouco de sal, de emoção, de veneno, de crueldade. paris me ensinou a ser fria, chata, intolerante e venenosa, mas me abriu o peito de maneira que todos agora entram e saem de mim como se eu fosse um trem. descobri como dói ser trem. 2011 foi só dor. será que foi mesmo? dor é aprendizado. aprendizado é vida. quantas cicatrizes! no caso de rufus, as tatuagens são internas, um cartunista me disse. me reconheci. descobri que transformo dor em poesia. mas não é a mesma coisa? e o amor? ah o amor... o amor não usa corrente de ouro, nem óculos de lentes cor de besouro. o amor não tem barriga. o amor é corvo assassino, é gato preto, é melancholia. o amor não tem voz de taquara rachada. o amor, ah o amor... a... m... m... m... o... o... orrrrr... que palavra mais lábio... mais beijo!
cintos, botões, rendas, celulares, cadarços, mais botões, gravatas, bolsas, zíperes e canetas. é isso o aeroporto: lugar nenhum de ninguém, com cadeiras, lenços, bebês e relógios. o beijo durou uma vida inteira, e apenas quatro anos. o amor ainda acontece sem acontecer. meu terapeuta me ensinou a diferença entre dor e sofrimento: dor é momento, coisa rápida e física, sofrimento é dentro, coisa criada, dura o tempo que você quiser. o journal acontece todo dia, todo minuto na minha cabeça sem parar. aqui no aeroporto, a minha vida está batendo na porta, querendo acontecer. quem sabe em algumas horas...
retiro meu fone de ouvido: que silêncio! uma bailarina está sentada atrás de mim. linda. tem o nariz adunco e os olhos azuis, cabelo curto, liso e preto, amarrado num rabicó. é magra e parece lacrimejar. fala um inglês carregado no telefone. começa uma de minhas músicas preferidas. foi bom enquanto durou, bailarina, foi um prazer. o vovô na cadeira de rodas espera ser removido de um lugar inconveniente. meu vovô. meus vovôs. um aqui e um lá.
se essa vida de agora, que já não é real, e é, fosse um filme, eu deixaria o computador na cadeira e sairia dançando pelos corredores de embarque, saltaria as malas e desviaria das pessoas apressadas dando risada da delícia que é mover o corpo. um videoclipe já bastaria. pina, sua linda! quero escrever sobre minha vida, e minha vida não é uma monografia. poesia e só poesia! alguém, por favor? chega dessas outras chatices todas. tiro uma craca da pele. a música acaba. o avião pousa. quero só alimentar a alma, o bolso e a barriga. quero cheiro e toque. quero cor e luz. quero vento e sabedoria. amém.
11/04/2012
NIX
sorrateiro, o gato
e o sono profundo da estátua.
o tempo na pedra não revela seus sonhos,
mas se souberes fazer silêncio,
ouvirá o assobio fino de sua respiração.
e o sono profundo da estátua.
o tempo na pedra não revela seus sonhos,
mas se souberes fazer silêncio,
ouvirá o assobio fino de sua respiração.
09/04/2012
07/04/2012
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