na nossa história de amor nós moramos em todas as cidades e falamos todas as línguas, porque o amor não tem lugar. e um dia dura uma vida inteira, porque o amor é tempo sem hora. que me importa se as palavras são vazias? eu me alimento do silêncio.
28/07/2012
22/07/2012
journal DI
A viagem começou quando
tudo dava errado e, horas antes do embarque, eu ainda nem tinha fechado a mala.
Entrexames, dei meu sangue. Duas vezes. O líquido vermelho, quase preto,
pingava da agulha, esperando para ser destrinchado em outras mil coisas
pequenas que são o corpo. Fluido divino que corre e dá vida. Depois veio o
eletro cardiograma. Meu coração é uma linha. Pulsa duas vezes para cima e
uma para baixo. O médico era apenas uma voz arranhada atrás do biombo.
Esperava um senhor gordo, de cabelos brancos e semblante grave, mas me apareceu
um senhor baixo, com apenas uma barriga redonda, nariz de tubérculo, bigode
amarelado e dois olhos grandes enquadrados por um fundo de garrafa. Como um
personagem de Mary & Max. Tinha uma risada divertida e parecia doido. Sua
assistente, uma mocinha bem novinha com cara de professora de primeira série
também parecia doida. Me explicou o ritmo dos corações. Disse que o meu batia
diferente, não era normal, mas também não era doença. Fiquei feliz. Quando me
perguntou sobre meu cabelo, disse que era porque meu coração batia daquele jeito.
Riu engraçado.
Aí, no último
dia, tudo resolveu se resolver. O dinheiro entrou na conta, paguei minhas
dívidas, imprimi todos os documentos, fechei a mala. Com um saco de remédios
calmantes, realizei todo o ritual do medo. O avião tremia. Meu corpo, rígido e
parado. Chegou a dar um choque depois que a tensão passou. A senhora sentada ao
meu lado tinha cheiro de naftalina. Já estava com enxaqueca antes mesmo de
levantar voo. Aquele cheiro de armário velho. Usava um conjunto verde pastel e
segurou um terço durante toda a viagem. A luz que vem de fora é de
cegar, mas o mar de nuvens é calmo. O problema é o medo. E tudo é dentro. A
descida, a vertigem e a naftalina. Pouso. Quase choro tamanha alegria viver. Ainda no aeroporto de São Paulo encontrei um novo amor. Sou dessas.
Mas ele sentou de costas pra mim. É assim a vida.
As pessoas tem
umas caras tão desenháveis... o homem de sobrancelhas arqueadas: viver é um
espanto. Já o americano balança os pés sobre a mala, ouvindo sua música em
grandes fones de ouvido. É preciso desenhar rápido para que não me veja...
HAHAHAHAHA definitivamente ele não é assim! É bonito, tem os olhos azuis,
cabeça raspada e um cavanhaque loiro. Ao lado de um homem grande e ruivo está sentado um velho que dorme. O
homem acorda no tempo de um desenho.
Mais atrás um
pouco, um homem tão careca, tão adunco, tão alvo que parecia de outro mundo. Coincidentemente
estava no mesmo hotel com seu romance. Já o meu amor ficou para trás. Cheguei a
vê-lo buscando as malas, mas eu não existia para aqueles olhos. Tantas belas
opções de companhia e eu fiquei com o velho gordo. É assim a vida. O amigo
bonito e equivocado de outros dois belos e equivocados sentou longe e sozinho,
enquanto os outros passaram a viagem falando essa língua estranha, meio bronca, que é o alemão.
Máquina mole de
metal, treme-se toda no ar. É tão grande, tão pesada... é como se os rinocerontes
voassem. Nuvens cortadas em linha na boca do metal. A cidade virou maquete e o
medo passou. O velho sentado ao meu lado tinha cheiro de álcool. E a música me
fazia pensar em todas as pessoas lindas que fazem parte da minha vida. Existe
vida melhor que a minha? Façamos uma caipirinha!
O velho dormia...
todos dormiam... aquela máquina flutuante era quase um sonho de metal...
Depois que o medo
passou e voltou e passou e voltou e passou pela última vez, chegamos na terra
das salsichas. Terra dos bosques druidas. Engraçado esse universo, seis meses
lendo sobre os bosques sagrados e eis me aqui, emaranhada em um deles. Terra
das gramíneas, das flores silvestres, das berries brotantes assim, como pingos de sabor, dos patos, do verde. Dos caracóis, lesmas, sapos e
cogumelos. Terra dos vovozinhos e dos bebês.
Os patos nadam
para lá e para cá, deslizantes. Todos cheios de si. O lago é um reino. Aqui os
bichos falam alemão também. E os cachorros são ursões. Eu queria alguma coisa
para desenhar que não fossem as plantas. As plantas são muito difíceis de se
apreender em linhas sem cor. O bosque sagrado também não se revela na fotografia profana. Aqui o ar é bom. É fresco e verde também. Um vovô
com óculos de esqui me pergunta alguma coisa em alemão. Língua dura. São anos
de dureza. Uma história inteira de dureza que criou uma casca nesse povo
que é tão mole por dentro. É por isso que comem muitas salsichas. Queria saber se
minha inspiração tinha acabado... Disse-lhe que pelo contrário, estava mesmo
era tomando um ar, cansada de tantas idéias. Os patos, assim como as pombas, os bebês e vovôs, também gostam do sol.
Em Garmisch, além
das flores, das berries, dos patos e das lemas, também tem montanhas. Dessas grandes
de cartão postal, como se tivessem feito recortes de revista e montado uma
paisagem: campos de flores silvestres, dessas que nascem sei lei nem
documento, brotando cada uma em seu lugar, numa iquebana das mais refinadas. Comendo
as flores subversivas estão as ovelhas. Todas balindo em um coro feliz. Algumas árvores
pingam aqui e ali, e casinhas de madeira com lenha empilhada ao lado afundam, rodeadas pelas paredes pedregosas confeitadas de neve. E o bosque druida. Foi isso que eu guardei.
O primeiro trem
era um comboio de retirantes. O segundo percorreu paisagens paradas. Todas as paisagens
alemãs são paradas. Não-mais-tempo.
Munique entrou
para a lista de cidades em que eu moraria. Pequena cidade grande ou grande
cidade pequena. Daquelas que dão maior ansiedade: as cidades grandes anseiam
não caber, as pequenas faltam caber, as grandes pequenas grandes jogam para lá e
para cá com o nosso querer viver. É preciso muita firmeza de espírito para aguentar. Eu falo, mas não sei se tenho a estrutura.
Em Munique eu me
apaixonei 10 vezes. Duas por mulheres. Foi engraçado reconhecer alguns telhados, curvas e espaços... mas tudo era de alguma maneira diferente, como se eu fosse uma outra
pessoa, e sou, ainda que a mesma.
Conheci os anonimos
que constroem o mundo sem saber. Uma ignorância que parece inocente. Sei que no
fundo tudo é corrompido. Guardei para mim a revelação.
Eu olho para as
pessoas e tenho vontade de viver uma grande história de amor com cada uma
delas. Mas que história é essa que nem eu consigo contar?
Parto sozinha em
uma manhã vazia de gente e cheia de azul crepúsculo. Algumas luzes piscantes e
dorminhocas, e o vento frio. A pomba, também sozinha, cantava o amanhecer
encolhida em um telhado. “Leve apenas o que conseguir carregar” a frase me
gritava. O problema é que sempre cabe mais um sapato.
O terceiro trem
era silencioso. A falta da noite começou a bater. O homem ao lado coçou os
olhos como uma criança... o sono é mesmo um sopro de inocência. Uma nuvem
cobriu todo o caminho, transformando a viagem em um sonho embalante.
A primeira pessoa
que conheci em Nürnberg foi o Aladin. Bosniano simpático. Vai ficar na cidade por
dois meses trabalhando durante o verão. Não pensa em voltar para o seu país. Quer
viver sua história de amor em Berlim.
Antes das nove da
manhã, um doido já balbuciava coisas para mim na padaria. Depois de uma
caminhada, a bolsa pesada me fez voltar para o hotel e esperar a hora do check
in observando meus colegas.
A árvore brotava
sozinha no meio do rio. O homem cantava sozinho o hino de um reino antigo. Todos
o olhavam como um louco. Mas era um gênio!
Nürnberg é o
lugar com mais belezas por metro quadrado que eu já visitei. Quero casar com o
garçom do café. Abrirei um cinema, farei a feira nos sábados, e no domingo darei
comida aos patos, vivendo uma vidinha feliz.
A cidade vai se
desdobrando, uma rua após a outra, como as páginas de um livro. Em cada esquina uma surpresa. My irregular heart beats. O mercado tem cheiro de açúcar, olivas,
pão, salame e lavanda.
As flores são em
bola e os cataventos, prateados.
Aqui tudo
acontece ao mesmo tempo. O casamento italiano, o programa de culinária e as cabras, os
bodes e as ovelhas. Peludos e fedidos. Quero todos.
Aqui também
acontece o amor, como sempre. As pessoas entram e saem de mim como se eu fosse um trem. Descobri como dói ser trem. E aqui elas também vão embora dentro de vagões. Rapidamente
a linha some no ponto de fuga deixando apenas um rastro de saudade. As
lágrimas, românticas e impetuosas, subiram como uma onda. Um sentimento
bobo as trancou na garganta. Desaguei silenciosamente com os horrores do
holocausto, mas logo em seguida um vovozinho otimista me deu uma aula de esperança
sobre a humanidade e eu voltei a acreditar.
Os caminhos dessa
vida são tantos... se cruzam e descruzam tantas vezes... damos voltas, voltas e mais
voltas até encontrar o que procuramos... O que é meu está guardado. Saberei
contar a minha história de amor quando ela acontecer.
12/07/2012
journal FXII
procurando o journal número 12 para postar aqui, redescubro que ele nunca existiu. sim, nunca existiu, porque deveria existir apenas hoje, 12 de 2012, dia em que volto para Paris, dois anos depois que parti. volto para uma vida que já não é mais minha. volto para um passado que agora é futuro. volto para mim. para me reencontrar essa página em branco. welcome ghosts!
11/07/2012
journal FXI
e como cabe ainda no dia de hoje...
20/10/09
20/10/09
Ois caros!
Como eu disse há algumas horas para o jom (antes de
sair para minha crucificação): "se tudo der certo e eu voltar inspirada,
escrevo o journal ainda hoje". Dito e feito. Cá estou eu, firme e forte, e
logicamente não crucificada, na décima primeira edição do semanário. Então
torçam pra que eu me lembre de todos os detalhes que minha memória ousa
esconder de mim, pra que esse email tenha valido sua existência. Há o pequeno
contratempo do subdesenvolvimento do meu cérebro que não consegue escrever e
ouvir música ao mesmo tempo, somado ao fato de que estou ouvindo
involuntariamente. Não, não é meu vizinho party hard, mas a boîte à musique
(boate a müsique) que não para dentro da minha cabeça. Pior, boîte à musique do
disco arranhado ainda por cima, porque faz mais de meia hora que só canto um
refrão do ABBA. Sim, ABBA, pra vocês verem como eu estou
inspirada. hehehe
Então
vamos de novo aos fatos na medida do físico.
Porque tanta inspiração? Na verdade eu acho que Deus e Jesus Cristo
fazem o
partido do bom e do mau policial. Sabe aquela história do bom e do mau
policial? Um que interroga compreensivo e outro que interroga na ameaça?
Difícil demais essa metáfora? Na verdade eu acho que Deus e Jesus Cristo
são da
política do Bate e Assopra. Já deu pra notar como eu sou religiosa né,
hehe,
mas na verdade tudo isso é só pra falar que sofri muito e hoje veio a
recompensa. Ai credo, fui ficar falando de Deus, olha aí o castigo!
Acabei de derramar suco no meu computador! Ai que desespero! Que
aflição! Sabe aqueles sonhos em que alguém te persegue e as suas pernas
travam e é o maior sofrimento? Pois é. Fiquei assim, imóvel, sem saber o
que fazia primeiro, se tirava a blusa pra secar, se procurava um
papel absorvente adequado, ou uma toalha. Afe. Esse suco tava nervoso
demais, quando abri a caixa agora há pouco e fui me servir (antes do
desastre final) ele também derramou todinho na pia. Uma eca. Mas as
teclas todas respondem aos meus comandos, um bom sinal vital. Como eu ia
dizendo (antes dessa pausa para dar atenção ao suco nervoso), tudo
começou semana passada na aula de metodologia quando que o professor pediu que
entregassemos na outra semana (essa agora) uma página com o nosso problema de pesquisa definido. Êta lê-lê. Quantas crises uma pessoa pode ter em uma semana? O
tanto que eu tive. Foi o ó, biblioteca atrás de biblioteca, sentada
atrás de sentada na frente do word, dicionário atrás de dicionário, dor
de cabeça atrás de dor de cabeça, duvida atras de duvida. Ufa. Escrevi 3
parágrafos. olhei praquela "pagina" modesta e me dei por
satisfeita. "Antes uma página meio cheia do que uma meio vazia" disse
pra mim mesma. E fui cantando ABBA pra aula (isso foi hoje). No final
das contas não vou ver a reação do professor - que só fez receber os
escritos. Vimos um filme japa dos anos 50 e pronto. A parte da
recompensa? Foi que hoje baixou um santo no povo e todo mundo resolveu
falar comigo. Mas isso eu relato no próximo parágrafo.
Tudo
começou semana passada na aula de metodologia quando eu vi os alunos
que haviam faltado na aula da manhã. Tinha um sósia meio desengonçado do jom e
umas meninas nojentas. Fiquei com preguiça de todo mundo e ninguém
falou comigo, aquela coisa, cada um no seu quadrado, ou melhor, cada um
no seu mestrado. Só que hoje, como eu ia dizendo, baixou um santo no
povo e todo mundo resolveu falar comigo. Tudo começou com um fi
animadinho que me deu "Bon Jour" (bon jur) na aula da manhã. Depois foi
um doido no bonde que ficou contando sobre a palestra de midias digitais
que ele estava indo assistir. Depois foram as meninas nojentas que me
gritaram "Salut" (salü) e me chamaram pra ficar conversando antes da
aula de agora da noite começar. Na hora pensei "I, já vi que vou ter que
rever meus conceitos", mas faz parte. Também troquei duvidas sobre o
que o professor estava falando com o sósia do jom e um outro cara lá. O sósia
do jom até virou pra mim e perguntou "Você é italiana?". Sim, porque a
ultima coisa que esse povo pensa é que eu sou do Brasil, aí eles chutam
pelo sotaque mais próximo: italiana, portuguesa, espanhola... e
por aí vão (e olha que ele era italiano também!). Então hoje foi um
daqueles dias em que a sorte do orkut deveria dizer "Hoje é um bom dia
para se fazer amigos", mesmo que ela só tenha dito "A vida amanhã é
muito tarde, viva hoje".
Tinha
pensado em dedicar essa décima primeira edição à lingua francesa, mas
com o andar da carruagem, não vejo muito espaço pra isso, e já começo a
esquecer todas as outras coisas que queria falar sobre. Bom, tinha a
descrição do pessoal da minha sala que já foi mais ou menos dada: as
nojentas (uma italiana, uma francesa e uma inglesa); o sósia
desengonçado do jom; um menino que eu hoje, olhando de esguelha, achei que
era uma menina; um outro (o fi animadinho) que fica desenhando carinhas
a aula inteira; umas japas; um veio; umas meninas de cabelo bem
compridão; uma ruiva do cabelo enrolado e peitão; e hoje também tinha um
bailarino russo. Nossa, ele era imenso de alto e tinha uma super
aliança na mão esquerda. Estão vendo meninas? Aprendam: o dia que vocês
arrumarem o bailarino russo de vocês, tratem logo de providenciar uma
super aliança pra botar na mão esquerda dele! Marca território bem
marcado que é pra qualquer uma desistir de qualquer idéia logo de
início.
E
falando em gente bonita, outro dia eu vi um principe no metrô. Fazia
tempo que eu não via um rapaz tão bonito aqui (falando isso parece até
pecado né, mas é verdade, todo aquele desencantamento funcionou como um
belo par de óculos pra minha europia (miopia européia)), mas nesse dia
eu parecia, assim, a bela adormecida acordando com o principe plenamente
encantado (ou seria ela(eu) a encantada?). Pouco importa, o que
interessa era que o menino parecia o William no auge da sua juventude,
naquela época em que ele saia na capa da Atrevida, só que ainda mais
maduro e bonito. O ó! Depois disso vi um músico também. Mas não era
encantado. Tava mais pra um desses filósofos antigos (só que jovem
ainda) bem barbudões que a gente só ve em foto P&B. Ainda assim ele
me chamou a atenção. Não tinha aquela beleza óbvia dos principes, mas a misteriosa dos músicos. Refleti com qual eu me
casaria. Cheguei a conclusão que uma boa música não envelhece prum bom
ouvido. Não sei se isso responde, mas vá lá quand même (can meme).
Ah
sim, nesse tempo todo em que venho escrevendo tenho ido à natação.
AFE. Sério, se eu pudesse tomar injeção, ou tirar sangue no lugar de ir
nadar, mesmo que fosse duas vezes por semana, acho que eu sofreria
menos. Juro que é um martirio.
E
que mais? Ah é, essa semana chegou nessa Parisa a Kameni (ai, tem muito
brasileiro nessa terra, daqui a pouco to falando mal do primo de alguém
sem saber)! Saímos pra tomar alguma coisa. Levei ela pra conhecer a
night da Sacre Coeur. E não é que tava vazio? Acho que era o frio. Ainda
assim foi bem divertido!
E
falando no frio... me descobri uma mulher sem palavra. Sem princípios.
Ou quase. Logo eu que sempre participei da política Diga Não à Boina,
outro dia saí com mamis para comprar aparatos de frio como coisas para a cabeça e para as mãos. Não teve jeito... me rendi. Ai que horror, o que
dirão minhas companheiras do Queime Um Chapéu, Não Queime um sutiã?!
Como pude, Senhor, cometer tamanha falta!? Mas sabe, gorro também... ficar
de gorro em Paris, não dá sabe... não é classe... mas eu juro que são
decentes! Não tem flores, nem véu. Só um que é peludinho e os outros
dois tem um laço que é pra ninguém achar que estou de touca de banho.
É... comprei 3... ah gente... não dá né? 4 meses empacotada sem poder
trocar nem uma vez de cor ou de modelo pra ficar mais bonito com a
roupa/situação? Mas comprei na C&A porque também não sou besta de ficar
comprando chapéu caro. Aí segunda foi o teste. Saí na rua sentindo que
tinha mesmo era uma melancia na cabeça. Acho que acabo me acostumando. O
problema do chapéu é que depois você não pode tirar porque o cabelo dá
beijos né, é chapéu pro resto do dia, então tem que estar no espírito.
Mas mamis disse que eu fico parecendo moça antiga. Espero que isso não
queira dizer "chapéu é demodê".
Bom...
pelo que a barrinha lateral da minha página de email indica, já escrevi
o bastante por hoje, acho que posso deixar vocês descansarem a vista.
A
diquinha de moda está cada vez mais escassa. Quase uma diquinha em
extinção. Quem diria que o nosso bom e velho professor David Penington
estava certo!? MEIA CALÇA BEGE ESTA EM ALTA! Juro! Uma coisa. Vale
aparecendo só assim, de leve no pé com sapatilha, até de vestidinho
curto e sandália aberta. MEIA CALÇA BEGE É TENDENCIA!
E
o resumão. Outro dia almoçando no RU tinha um rapaz sentado ao lado. Do
bolso do casaco dele saia um cartão postal. Espichando o rabo do olho
consegui pescar no meio daquela confusão escrita um "je t'aime".
E pra acabar no ritmo de pesquisadora, concluo o journal com uma pergunta: as joaninhas hibernam?
Bisous nos cous,
Juliá
Ps: Divido com vocês esse momento indescritível para mim que é ouvir um refrão do ABBA, mental e ininterruptamente:
...
And with no trace of hesitation she keeps going
Head over heels
Breaking her way
Pushing through unknown jungles every day
She's a girl with a taste for the world
Head over heels
Breaking her way
Pushing through unknown jungles every day
She's a girl with a taste for the world
...
07/07/2012
journal FX
a desmemória transforma tudo em descoberta
13/10/09
13/10/09
Ois todos!
Eu
estou sempre auto criticando esse semanário de viagem. E cada vez o
descubro um pouco mais. É um pouco estranho que eu ainda encontre novidades naquilo que é criado inteiramente
por mim, mais ça arrive. Essa semana descobri o lado assustador deste
email: me pego escrevendo novamente. E a última vez parece ainda que foi
ontem. Mas já faz uma semana! E toda vez é o mesmo susto. Mais uma
semana que passou. E outra! E mais outra! E já estou acabando a décima, e
até terminar de responder as respostinhas já estaremos na décima
primeira! Já consigo até me ver escrevendo a edição especial de natal.
Assustador.
A
edição especial nº 09 ano 09 rendeu respostas maravilhosas.
Em cada uma que recebi descobri timidamente as pessoas que me
leem. Descobri comentários a favor e contra certos estilos, sentimentos
diversos, poesias. Porque de certa forma, a mais descoberta aqui sou eu que venho contando todas as desaventuras que passo no lado de cá do
além mar. Dos outros, só sei o que me escrevem que, assim como eu nos
outros journais, são sempre relatos superficiais na medida do físico,
da ação. E dessa vez não. Foi uma experiência maravilhosa que eu amaria
repetir incessantemente, mas infelizmente, escrever daquela maneira
exige muito do espírito e receio que daqui pra frente terei cada vez menos força para tanto. Ainda que fosse interessante talvez,
assim, de vez em quando, dar voz ao estômago e não à cabeça. Sim, porque
não sei quem inventou que os sentimentos vem do coração. Tudo que
sinto de mais forte fica na altura do estômago e não, não estou
falando da fome. Ta certo que o estômago não é muito romântico, mas nós
já passamos dessa fase. Então volto um pouco para a mesmice, que é pra
ela não deixar de ser.
Hoje
começaram minhas aulas. Hoje foi o segundo dia na verdade. Terei aula
segunda de manhã (que eu perdi olhando errado o horário), terça de manhã e a noite, e quarta a tarde e a noite. Nenhum
período por inteiro, são aulas de 2 horas cada. As vezes acho que vai
dar tudo certo. As vezes me vejo panicando (segundo Karina), daquele
jeito. E pra escrever sobre o dia de hoje, nem sei se consigo, ainda to
meio biruta. Sei que durante uma hora eu passei um dos top 5 momentos
bizarros dessa viagem. Bom, vamos aos relatos superficiais na medida do
físico: estávamos lá, eu e Karina. Saídas quentes da aula de estética
onde acabávamos de receber um resumo oral de 3 livros sobre a questão do
ser ou não ser. Encarnou? Descemos prum café de máquina que a Karina
jogou na privada minutos depois. Nós não tínhamos o número da sala da
aula de francês (porque a inscrição foi feita pela internet e
esquecemos desse detalhe). Resumo da história até o ápice do drama:
ficamos rodando naquele labirinto chamado universidade, de porta em
porta, tentando descobrir um ser que nos indicasse o local certo para nos
dirigirmos. Dito e feito, a mocinha da secretaria apontou a sala. Entramos com a confiança de William Tell depois que acertou a maçã. Eu
já quase sentando na cadeira, ignorando os olhares curiosos (atenção
para os 40 minutos de atraso). A professora então pergunta "À que devo a
honra?" eu olho para Karina, Karina olha para mim, olhamos para a
professora, o sangue subindo no rosto e a voz engasgada "Aqui não é a aula de
francês estrangeiro?" "Não" - eu não poderia imaginar uma resposta mais
óbvia! Nos desculpamos engasgando cada vez mais, e a tortura continuou
"Vocês sabem aonde vocês estão indo?" "Er... bem... na verdade... não,
mas a gente se acha! Desculpe novamente". Risos. Fecha a porta atrás de
nós. Ambas se dobram ao meio, sem saber se riem ou se choram. Decidem pelos
dois. Daquele jeito que alguns de vocês já devem ter me visto. Aí a Karina já escondida
nas escadas e eu ainda no corredor borrando toda a maquiagem. Quando
eu olho pro lado, um rapaz assim, meio espantado (lógico), pergunta "Ça
va?" Aí é que eu desembestei a chorar (pior do que um 'tudo bem?' só um
'ça va?'. Só estando aqui pra saber a quantidade de significados que a
expressão 'ça va' abrange. Juro que era última coisa que eu queria ouvir naquela hora). E o coitado ainda não fazia idéia que eu sou da
política do Ouvido Amigo. Comecei a desabafar, assim, meio engasgada,
meio chorando, meio rindo, falando meio em português ainda porque nem
sabia mais quem eu era, muito menos onde eu estava. Ai que foi um Deus
nos acuda, e o fi tentando ajudar as duas descompensadas chorando sem saber o que fazer. No final das contas perguntei o nome dele.
Entendi que era Miguel. Não sei estava predisposta a ouvir um nome
divino a esse ponto, ou se era esse mesmo o nome dele. Mas anjo ou não,
ele foi um bom ombro durante 5 minutos. Depois a Karina disse que o viu passando/ignorando a gente. Acho que o assustamos um pouco com a
verborragia, ou melhor, a choradeira. Afe. Ainda tentamos descobrir via
biblioteca a tal da sala, mas a internet não estava funcionando.
Entendemos o recado, Sr. Destino. No final das contas os filmes estavam
certos e errados o tempo todo. Aquela cena da grande escola com 100
cadeiras onde um professor bem velho fica lá embaixo do auditório passando slides, e os alunos que trocam experiências e se
apresentam espontaneamente uns aos outros no final da aula enquanto guardam os livros nos
armários... Nada disso, tudo errado. Aquela cena do micão da sala
errada, não podia ter sido pior. Enfim, nada melhor prum
típico primeiro dia de aula.
E
em estilo brainstorm, o resumão: saí da abstinência cinematográfica mais uma vez. Estou tendo uma verdadeira filmorragia. As vezes me
pego conversando com as coisas, as vezes com certas partes do meu corpo. Nada me respondeu ainda, acho que isso é um bom sinal. E faltou o
comentário sobre os insetos europeus: ainda não vi formiga, nem barata;
já cruzei com umas lagartinhas (eca), alguns mosquitos (pfff), poucas
moscas (afe); estamos na época dos mosquitões de pernas imensas, assim,
de uns 5 centimetros (eecaa que noojooo), e das joaninhas aos montes
(argh); também tem uns outros coisinhos que eu não sei bem o que são,
branquinhos e amarelinhos, melhor não insistir. Em alguns dias serei
enterrada sob o morro dos papéis uivantes que se forma na minha mesa.
Quanto mais eu me desfaço, mais panfletos e revistas eu tenho.
Dessa
vez a mesmice pode ficar metida, quer dizer, contida, porque além deu
inverter a ordem, hoje a diquinha de moda é cinematográfica: September
Issue - o documentário sobre a editora da revista Vogue. Bem divertido.
Bom, fico por aqui, ainda biruta e com ler no pulso direito.
Bises
Bises
05/07/2012
refúgio
romper memória:
aninhar nas curvas do corpo
perder na sombra dos cabelos
esquecer do tempo e de mim
morrer na gruta da saudade
04/07/2012
journal FIX
são dias de pensamentos, e não linhas...
05/10/09
05/10/09
Ois pessoas!
É seguindo meus princípios de rebeldia que digo agora: cansei desse journal! Toda vez é a mesma coisa, um emailzão metido a engraçadinho! Será que estamos condenados a nos ser pro resto de nossas vidas? Mas que chatice! Por isso, nesta edição especial número 09 do ano 09 vou tentar dar uma bola na mesmice e escrever uma coisa diferente. Pelo menos um pouquinho diferente vá, assim, só pra dar uma enganadinha na rotina. Que venha o brainstorm! Assim, tudo jogado mesmo, que nem loja de roupa a quilo!
Na verdade
eu penso tantas coisas ao longo dos dias, que vou esquecendo
de acordo com o fluxo que segue. Sai da frente que atrás vem gente! Por
exemplo, se eu tivesse feito o colégio nessas terras, teria passado com
mais facilidade na matéria de física. O vai e vem dos vagões do metrô e
do bonde fazem a gente prestar mais atenção no deslocamento dos
corpos.
As mulheres e os homens também, a cada
dia ficam mais feios, ou menos bonitos. Talvez eles nunca tenham sido
realmente bonitos, mas aquele inegável fator europeu nos cega assim de primeira. Depois que o deslumbre, ou miopia europeia, passa,
aparecem as olheiras, os desgrenhados, os fedores, as unhas sujas, as
roupas rasgadas, as peles estragadas e aquele jeito estranho, um jeito
que assim, de primeira, deslumbradamente, é muito convidativo, mas que
na verdade tem um certo fundo amargo, mal humorado, chato, frio e mesmo
superficial de ser. E é todo mundo no seu mundinho, com seus ipods,
malas e sacolas pra lá e pra cá, como uns caracóis apressados,
esbarrando, às vezes pedindo licença, sempre bufando, sempre reclamando (um
pouco como eu aqui agora) e olhando torto um pro outro.
No final das contas dá tudo na mesma. Agora tenho medo de pegar piolho. Fico sempre atenta pra ver quem senta no banco atrás do meu. As escadas são uma constante. E tudo passa, até a uva passa. O vento passa, o frio passa, o bonde passa, as bicicletas passam, as pessoas passam, eu passo. A minha existência nessa cidade vai ser tão significativa para os parisienses como a de alguém que está em Brasília e que nenhum de nós conhece, nem vai vir a conhecer, ou como a nossa própria existência para o resto do mundo. Quanta crise! Mas é assim. Eu vejo umas pessoas que nunca mais vou ver na vida passando pra lá e pra cá dentro dos vagões, virando uns borrões vagos na memória.
E os cachorros. Grandes, magros e feios. Pequenos, gordos e peludos. Todos metidos. Eles passam também, cada um com seu dono. Ou seriam eles os donos? Cara de um focinho do outro, como no início do desenho dos Dálmatas. Por isso que tem um monte de cocô na rua. E mendigos. Cada um com um bichinho no colo. Cada um com uma cara mais de abandonado do que o outro, pra ver quem desperta mais piedade. E esta também passa por uma crise existencialista. A ajuda nunca é realmente bem vinda. Os poucos centavos são sempre seguidos de algumas bufadas ingratas.
E tem os barulhos que passam no dia a dia. As sirenes das ambulâncias que não deixam um ponto de silêncio na cidade; As sirenes dos metrôs que aceleram os passos e estimulam alguns saltos à distância; As risadas dos jovens alegres, estrangeiros ainda encantados, talvez míopes, que fazem piquenique aqui no jardim em frente (ou pelo menos faziam, já que o outono é o começo do fim das alegrias veraneias); Os traços surdos das musicas que as pessoas escutam em alto volume nos fones de ouvido; Umas buzinas nervosas perdidas aqui ou ali.
Os bebês loirinhos, negrinhos, japinhas, bebês por todos os lados também passam. Nos carrinhos, nos cangurus, nos moisés. Bebês e babies de todos os tipos, pra lá e pra cá, com seus bichos, mamadeiras, todos chupados, pendurados, olhando pra lá e pra cá, tentando entender as luzes, os barulhos e as caras. Alguns sorriem, outros desconfiam. E mais mendigos, já com as idéias avariadas, que babam e cheiram esquisito, uma mistura de cigarro, cerveja e poeira, que gritam ou dormem nas estações. Os jovens pais, os descolados, os badboys, as badgirls, os velhos finos, outros nem tanto, os business men, as business women, os muçulmanos, os africanos, os brasileiros. Todos no fundo mais caretas do que a gente imagina, e sempre passando, borrando na minha memória. Os jornais, os poketbooks e os fichários. Mais do que caderno, vale mesmo são as folhas soltas, perdidas cada uma num buraco da bolsa, voando pelo chão quando tudo vai por terra. Os sapatos passam pra lá e pra cá, um mais feio que o outro, mais velho, ou mais sujo. E o medo de atravessar no sinal, porque o que abre pra um nem sempre fecha pro outro. Também tem os doces nas vitrines, a coca-cola quente e os pães debaixo do braço. Os molhos, os cremes, as massas. A falta do sal. Do alho. Do feijão e da mandioca.
Espremo as idéias (como as laranjas brasileiras são espremidas para virarem os populares sucos de laranja engarrafados que eles vendem por aqui) para ver se consigo algum sumo de história a mais para contar. Sinto que falta alguma coisa. Eu penso em tantas coisas ao longo dos dias, não é possível que sejam só essas linhas... são dias de pensamentos, e não linhas. Infelizmente não temos muito poder sobre as idéias. Elas vem e vão, pra lá e pra cá, passam como as pessoas, os cachorros, os sapatos e os bebes. Como eu. E como os sentimentos. Que vem e que vão assim, e a gente nem ve direito (ou seria nem sente direito?). É raiva, ciúmes, medo, inveja, tristeza... Quanta coisa ruim! Mas também tem saudade, amor, alegria, bem querer. E eles vão se misturando um no outro. E vão diluindo um no outro, virando um o outro. E daqui a pouco tudo passa e a gente sonha a noite. Eu sonho com morte, assassinato, suicídio e vampiros. O vampiro era o Jonny Depp então não foi lá um pesadelo.
Além dos ipods, dos livros, dos barulhos e da uva, também passam as horas. Corridas como os caracóis esbarrentos. Escorrem pelo dia e a gente nem vê direito (ou seria nem sente direito?). E agora já é meia noite aqui. E sete aí. Uma maluquice esse fuso-horário. Meu dia termina quando o de vocês começa. E vice-versa. Quem é que tem mais tempo? Eu que começo o dia mais cedo ou vocês que terminam o dia mais tarde? Sobra o sentimento de inutilidade, de desperdício.
Sobram também as ruas, as placas e os mapas, todos já mais familiarizados com a minha memória fotográfica. Vira e mexe me reconheço num lugar e já sei chegar no outro, só de lembrança. Assim, num piloto automático sem gps. Ainda um orgulho para uma brasiliense. E esse email existecialista, talvez um tanto pessimista, ou um tanto melancólico, mas nem por isso depressivo ou triste (de acordo com o dicionário informal fornecido pela internet), vai chegando ao seu final. Paris será sempre a cidade das luzes, o pólo da moda e do cinema intelectual. Paris será sempre Paris. E eu, pelo visto, também estou condenada a me ser pro resto da vida, porque mesmo tentando dar uma bola em mim mesma, acabo tropeçando nos próprios pés. O journal continua um emailzão metido a engraçadinho... No final das contas dá tudo na mesma, nada muda, nem a surda muda.
02/07/2012
nitrocelulose
coloquei a cabeça no sol para ver se queimava as lembranças. no fundo, eu sabia que estava mesmo era procurando nos outros a sua beleza, perdida há tanto tempo dentro de mim... o que inflamava era a minha paz.
01/07/2012
journal FVIII
musa, conto as horas pra te encontrar...
29/09/09
29/09/09
Ois gentes!
O cérebro humano é muito desenvolvido, mas ainda assim, o meu não consegue fazer duas coisas como escrever e ouvir música ao mesmo tempo. C'est domage (cé domáge)... talvez ele não seja tão desenvolvido assim... talvez seja só o meu mesmo... quand même (can mem), eu vou tentar dar uma bola na evolução e escrever ouvindo música. Talvez isso me custe mais revisões, mas se ainda assim sobrar algum nonsense, vocês desculpem a falta de conexões nervosas...
É interessante notar a transição lenta, gradual e quase imperceptivel que a vida da gente vai tomando. Por exemplo, as coisas param de acontecer quando já estão em seus devidos lugares. Soa até meio obvio depois de escrito, mas no corpo a corpo é uma sensação um tanto estranha. Eu que já tenho algum tempinho aqui na terrinha, instalada, começo a notar que minhas semanas tem sido menos aventurosas, e isso começa a me dar um certo trabalho pra escrever os journais, visto que com menos (des)eventos, fica mais difícil manter o nívi do email. Mas um desafio é um desafio, e como má perdedora que sou, não desistirei tão cedo.
Das desaventuras maiores começo pelas do esporte. Ainda não sei se a loira escapa no final do filme, quem sabe eu descubro isso no final do ano, mas a corrida tem sido cada vez mais cansativa e a floresta cada vez mais fechada. seis meses parada, praticando somente a preguiça, não recomendo o recomeço, se for pra parar, da próxima vez, que seja pra sempre! E foi no ritmo do agora ou nunca que eu tirei a quinta feira passada para me inscrever na natação - como já relatado no email passado. O dia estava lindo e eu, inspirada que só, precisava de um documento que ainda não tinha pra fazer a carteirinha. Depois de subir e descer umas 5 vezes as escadas aqui do prédio só pra conseguir o tal do papel, fui no lugarsh onde fica a piscina e onde me informaram ser possível se inscrever. Cheguei lá com dinheiro, foto, documento e cuia na mão, e o homi disse "né qui não". Aí eu fui, inspirada que só, pro lugar certo. Fiz minha carteirinha. Voltei para a piscina, inspirada que só, e o homi disse "ta berta não". Não, tudo bem, era o tempo que eu precisava para comprar os aparatos que faltavam: uma touca e um maio. Diante da máquina, com uma nota de 50 na mão, vejo que a dita só aceitava 10 ou 5 E que não tinha nada do meu tamanho. Mas ainda era cedo para desistir! Já tinha subido tanta escada, andado tanto no sol, pra nada? Nããão, jamais! Eu ia comprar esses aparatos e ia nadar, no mais tardar na tarde seguinte! Voltei para casa, pesquisei uma loja de artigos esportivos e saí, inspirada que só. E o dia estava lindo. Vi que o bonde estava no ponto. Apertei o passo. Entrei! "Ufa, está dando quase tudo certo..." quando o homi do bonde anuncia "o bondi quebrô". Que maravilha! Começo a ter medo dos sinais. Mas o dia continuava lindo e eu inspirada. Pensei com meus botões "Por que não ir de bicicleta? O dia está tão bonito e a loja é aqui perto, a situação ideal!". Ni que eu chego no ponto das bicicletas, junto comigo chega também um outro rapaz e adiante somente uma vélo (velô). Confesso, nessa hora, não pensei duas vezes, o dia estava lindo e eu estava inspirada, mas inspiração nunca foi burrice. Depois de tanto aviso do destino? Se eu pegasse aquela bicicleta era bem capaz de chegar lá e a loja estar fechada! Larguei mão da dita e da natação. Resolvesse tudo isso depois. Foi o que eu fiz. Já nadei duas vezes desde então. Quase morri em ambas. Ou de parada cardíaca, ou de fadiga. Já me quebrei de cãibras e pressão baixa. Mas vivo e escrevo. Dois bons sinais vitais. Depois dessa começo a achar alguns fios loiros perdidos na minha cabeça.
Impressionante como até escrever sobre esporte cansa! Além dessa (des)aventura também teve a saidinha com a Karina - família (agora que a mãe dela esta aqui para ajudar com a baby, ela tem mais tempo livre). Fomos pra Bastille (Bastíe) onde tem vários barzinhos legais. Pingamos em dois. Um melhor que o outro. Isso não quer dizer que nenhum tenha sido muito bom, mas sim, eles eram bacaninhas. Depois comemos crepe e sorvete, gulosas que só. Demos umas viajadas nuns roteiros que queríamos escrever, aí já viu, ócio criativo dá uma fome... foi muito legal! Rimos muito e ela no final perdeu o ônibus, coitada, teve que pegar um taxi, que no caso dela não é nada interessante, visto que ela mora lá onde o vento faz a curva.
Sábado eu também saí com o Clément (Clemân). Ele me chamou pra andar de bicicleta. não sei até onde foi sadismo dele, e até onde foi masoquismo meu, mas no final das contas serviu pra confirmar o que eu já sabia: não nasci pressa vida. Depois encontramos uns amigos dele da faculdade para jantar. Fiquei meio peixa fora d'água, mas foi bom, é sempre bom ouvir francês conversando, ainda mais francês jovem. Voltei cedo pra não perder o bonde.
É... foi basicamente isso. Aqui é interessante também notar como são as menores coisas, as mais sem importância, que fazem a maior diferença nessa vidinha paralela que a gente leva. A começar pelo elevador. Ninguém nunca pensou como seria ter que subir todos os dias de escada até chegar em casa (digo isso pros que moram nas 100/200/300. os da 400 também não valem, são uns lancezinhos de degraus que não chegam nem no primeiro andar dos daqui). Depois tem o carro. Nossa, como sinto falta de dirigir. Sair mais tarde de casa, não ter que trocar de metro 3 vezes, nem subir mais escada por causa disso. Depois tem algumas já mencionadas como a manicure, como é chato fazer o pé! A depiladora, como dói se depilar sozinha! Aqui sinto falta até da pia da cozinha. A pia do meu apartamento é um tanto pequena, não cabem as louças limpas, muito menos as sujas, não dá nem pra lavar nada direito. Enfim, são pequenas coisas que a gente usa e faz todos os dias, e que aqui vai notando e lembrando, e percebendo que na verdade a gente nunca repara em nada direito. Então, queridos, fica a dica, tirem um dia e prestem atenção em tudo que vocês fizerem, e tudo que usarem para fazer, porque se fosse diferente poderia ser bem mais chato, complicado ou desprazeroso.
Bom, depois desse momento lição de vida tem a diquinha de moda equivocada. Equivocada porque me lembrei que em termos de calendário fashion, o Brasil está sempre à frente da Zoropa. Então, na bem verdade, não adianta de nada essas diquinhas que eu venho dando, que já estão todas ultrapassadas nesse mundo cruel que é o da beleza. Mas eu sou rebelde, entón, pros meninos o pulôver vai por cima de uma camisa de botão com a gola para fora. Pras meninas é um camisão tipo masculino de botão bem folgado por cima de uma meia calça ou de uma legging. A diquinha dessa vez foi meio frouxa, mas isso é tudo culpa da música que eu to ouvido que não me deixa escrever nada direito...
E depois da diquinha de moda equivocada e frouxa, sempre tem o resumão: Outro dia no metro tinha um músico com um instrumento imenso, talvez um baixo acústico, maior que ele. E o levava abraçado, como se fosse sua mulher, talvez sua musa. Aqui, algumas escadas são feitas de uma pedra brilhante que a noite, com a luz, parece mesmo que estamos pisando é nas estrelas.
Pros corajosos e curiosos algumas fotinhos de onde eu moro. Não, eu não moro embaixo da ponte, nem em um buraco. Primeiro o prédio, seguido do banheiro, cozinha e sala. Ah, só pra constar, meu email tem corretor ortográfico, os erros são mais que propositais.
Bises,
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