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07/07/2012

journal FX

a desmemória transforma tudo em descoberta


13/10/09
Ois todos!

Eu estou sempre auto criticando esse semanário de viagem. E cada vez o descubro um pouco mais. É um pouco estranho que eu ainda encontre novidades naquilo que é criado inteiramente por mim, mais ça arrive. Essa semana descobri o lado assustador deste email: me pego escrevendo novamente. E a última vez parece ainda que foi ontem. Mas já faz uma semana! E toda vez é o mesmo susto. Mais uma semana que passou. E outra! E mais outra! E já estou acabando a décima, e até terminar de responder as respostinhas já estaremos na décima primeira! Já consigo até me ver escrevendo a edição especial de natal. Assustador.

A edição especial nº 09 ano 09 rendeu respostas maravilhosas. Em cada uma que recebi descobri timidamente as pessoas que me leem. Descobri comentários a favor e contra certos estilos, sentimentos diversos, poesias. Porque de certa forma, a mais descoberta aqui sou eu que venho contando todas as desaventuras que passo no lado de cá do além mar. Dos outros, só sei o que me escrevem que, assim como eu nos outros journais, são sempre relatos superficiais na medida do físico, da ação. E dessa vez não. Foi uma experiência maravilhosa que eu amaria repetir incessantemente, mas infelizmente, escrever daquela maneira exige muito do espírito e receio que daqui pra frente terei cada vez menos força para tanto. Ainda que fosse interessante talvez, assim, de vez em quando, dar voz ao estômago e não à cabeça. Sim, porque não sei quem inventou que os sentimentos vem do coração. Tudo que sinto de mais forte fica na altura do estômago e não, não estou falando da fome. Ta certo que o estômago não é muito romântico, mas nós já passamos dessa fase. Então volto um pouco para a mesmice, que é pra ela não deixar de ser.

Hoje começaram minhas aulas. Hoje foi o segundo dia na verdade. Terei aula segunda de manhã (que eu perdi olhando errado o horário), terça de manhã e a noite, e quarta a tarde e a noite. Nenhum período por inteiro, são aulas de 2 horas cada. As vezes acho que vai dar tudo certo. As vezes me vejo panicando (segundo Karina), daquele jeito. E pra escrever sobre o dia de hoje, nem sei se consigo, ainda to meio biruta. Sei que durante uma hora eu passei um dos top 5 momentos bizarros dessa viagem. Bom, vamos aos relatos superficiais na medida do físico: estávamos lá, eu e Karina. Saídas quentes da aula de estética onde acabávamos de receber um resumo oral de 3 livros sobre a questão do ser ou não ser. Encarnou? Descemos prum café de máquina que a Karina jogou na privada minutos depois. Nós não tínhamos o número da sala da aula de francês (porque a inscrição foi feita pela internet e esquecemos desse detalhe). Resumo da história até o ápice do drama: ficamos rodando naquele labirinto chamado universidade, de porta em porta, tentando descobrir um ser que nos indicasse o local certo para nos dirigirmos. Dito e feito, a mocinha da secretaria apontou a sala. Entramos com a confiança de William Tell depois que acertou a maçã. Eu já quase sentando na cadeira, ignorando os olhares curiosos (atenção para os 40 minutos de atraso). A professora então pergunta "À que devo a honra?" eu olho para Karina, Karina olha para mim, olhamos para a professora, o sangue subindo no rosto e a voz engasgada "Aqui não é a aula de francês estrangeiro?" "Não" - eu não poderia imaginar uma resposta mais óbvia! Nos desculpamos engasgando cada vez mais, e a tortura continuou "Vocês sabem aonde vocês estão indo?" "Er... bem... na verdade... não, mas a gente se acha! Desculpe novamente". Risos. Fecha a porta atrás de nós. Ambas se dobram ao meio, sem saber se riem ou se choram. Decidem pelos dois. Daquele jeito que alguns de vocês já devem ter me visto. Aí a Karina já escondida nas escadas e eu ainda no corredor borrando toda a maquiagem. Quando eu olho pro lado, um rapaz assim, meio espantado (lógico), pergunta "Ça va?" Aí é que eu desembestei a chorar (pior do que um 'tudo bem?' só um 'ça va?'. Só estando aqui pra saber a quantidade de significados que a expressão 'ça va' abrange. Juro que era última coisa que eu queria ouvir naquela hora). E o coitado ainda não fazia idéia que eu sou da política do Ouvido Amigo. Comecei a desabafar, assim, meio engasgada, meio chorando, meio rindo, falando meio em português ainda porque nem sabia mais quem eu era, muito menos onde eu estava. Ai que foi um Deus nos acuda, e o fi tentando ajudar as duas descompensadas chorando sem saber o que fazer. No final das contas perguntei o nome dele. Entendi que era Miguel. Não sei estava predisposta a ouvir um nome divino a esse ponto, ou se era esse mesmo o nome dele. Mas anjo ou não, ele foi um bom ombro durante 5 minutos. Depois a Karina disse que o viu passando/ignorando a gente. Acho que o assustamos um pouco com a verborragia, ou melhor, a choradeira. Afe. Ainda tentamos descobrir via biblioteca a tal da sala, mas a internet não estava funcionando. Entendemos o recado, Sr. Destino. No final das contas os filmes estavam certos e errados o tempo todo. Aquela cena da grande escola com 100 cadeiras onde um professor bem velho fica lá embaixo do auditório passando slides, e os alunos que trocam experiências e se apresentam espontaneamente uns aos outros no final da aula enquanto guardam os livros nos armários... Nada disso, tudo errado. Aquela cena do micão da sala errada, não podia ter sido pior. Enfim, nada melhor prum típico primeiro dia de aula.

E em estilo brainstorm, o resumão: saí da abstinência cinematográfica mais uma vez. Estou tendo uma verdadeira filmorragia. As vezes me pego conversando com as coisas, as vezes com certas partes do meu corpo. Nada me respondeu ainda, acho que isso é um bom sinal. E faltou o comentário sobre os insetos europeus: ainda não vi formiga, nem barata; já cruzei com umas lagartinhas (eca), alguns mosquitos (pfff), poucas moscas (afe); estamos na época dos mosquitões de pernas imensas, assim, de uns 5 centimetros (eecaa que noojooo), e das joaninhas aos montes (argh); também tem uns outros coisinhos que eu não sei bem o que são, branquinhos e amarelinhos, melhor não insistir. Em alguns dias serei enterrada sob o morro dos papéis uivantes que se forma na minha mesa. Quanto mais eu me desfaço, mais panfletos e revistas eu tenho.

Dessa vez a mesmice pode ficar metida, quer dizer, contida, porque além deu inverter a ordem, hoje a diquinha de moda é cinematográfica: September Issue - o documentário sobre a editora da revista Vogue. Bem divertido.

Bom, fico por aqui, ainda biruta e com ler no pulso direito.

Bises

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