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11/07/2012

journal FXI

e como cabe ainda no dia de hoje...


20/10/09
Ois caros!

Como eu disse há algumas horas para o jom (antes de sair para minha crucificação): "se tudo der certo e eu voltar inspirada, escrevo o journal ainda hoje". Dito e feito. Cá estou eu, firme e forte, e logicamente não crucificada, na décima primeira edição do semanário. Então torçam pra que eu me lembre de todos os detalhes que minha memória ousa esconder de mim, pra que esse email tenha valido sua existência. Há o pequeno contratempo do subdesenvolvimento do meu cérebro que não consegue escrever e ouvir música ao mesmo tempo, somado ao fato de que estou ouvindo involuntariamente. Não, não é meu vizinho party hard, mas a boîte à musique (boate a müsique) que não para dentro da minha cabeça. Pior, boîte à musique do disco arranhado ainda por cima, porque faz mais de meia hora que só canto um refrão do ABBA. Sim, ABBA, pra vocês verem como eu estou inspirada. hehehe

Então vamos de novo aos fatos na medida do físico. Porque tanta inspiração? Na verdade eu acho que Deus e Jesus Cristo fazem o partido do bom e do mau policial. Sabe aquela história do bom e do mau policial? Um que interroga compreensivo e outro que interroga na ameaça? Difícil demais essa metáfora? Na verdade eu acho que Deus e Jesus Cristo são da política do Bate e Assopra. Já deu pra notar como eu sou religiosa né, hehe, mas na verdade tudo isso é só pra falar que sofri muito e hoje veio a recompensa. Ai credo, fui ficar falando de Deus, olha aí o castigo! Acabei de derramar suco no meu computador! Ai que desespero! Que aflição! Sabe aqueles sonhos em que alguém te persegue e as suas pernas travam e é o maior sofrimento? Pois é. Fiquei assim, imóvel, sem saber o que fazia primeiro, se tirava a blusa pra secar, se procurava um papel absorvente adequado, ou uma toalha. Afe. Esse suco tava nervoso demais, quando abri a caixa agora há pouco e fui me servir (antes do desastre final) ele também derramou todinho na pia. Uma eca. Mas as teclas todas respondem aos meus comandos, um bom sinal vital. Como eu ia dizendo (antes dessa pausa para dar atenção ao suco nervoso), tudo começou semana passada na aula de metodologia quando que o professor pediu que entregassemos na outra semana (essa agora) uma página com o nosso problema de pesquisa definido. Êta lê-lê. Quantas crises uma pessoa pode ter em uma semana? O tanto que eu tive. Foi o ó, biblioteca atrás de biblioteca, sentada atrás de sentada na frente do word, dicionário atrás de dicionário, dor de cabeça atrás de dor de cabeça, duvida atras de duvida. Ufa. Escrevi 3 parágrafos. olhei praquela "pagina" modesta e me dei por satisfeita. "Antes uma página meio cheia do que uma meio vazia" disse pra mim mesma. E fui cantando ABBA pra aula (isso foi hoje). No final das contas não vou ver a reação do professor - que só fez receber os escritos. Vimos um filme japa dos anos 50 e pronto. A parte da recompensa? Foi que hoje baixou um santo no povo e todo mundo resolveu falar comigo. Mas isso eu relato no próximo parágrafo.

Tudo começou semana passada na aula de metodologia quando eu vi os alunos que haviam faltado na aula da manhã. Tinha um sósia meio desengonçado do jom e umas meninas nojentas. Fiquei com preguiça de todo mundo e ninguém falou comigo, aquela coisa, cada um no seu quadrado, ou melhor, cada um no seu mestrado. Só que hoje, como eu ia dizendo, baixou um santo no povo e todo mundo resolveu falar comigo. Tudo começou com um fi animadinho que me deu "Bon Jour" (bon jur) na aula da manhã. Depois foi um doido no bonde que ficou contando sobre a palestra de midias digitais que ele estava indo assistir. Depois foram as meninas nojentas que me gritaram "Salut" (salü) e me chamaram pra ficar conversando antes da aula de agora da noite começar. Na hora pensei "I, já vi que vou ter que rever meus conceitos", mas faz parte. Também troquei duvidas sobre o que o professor estava falando com o sósia do jom e um outro cara lá. O sósia do jom até virou pra mim e perguntou "Você é italiana?". Sim, porque a ultima coisa que esse povo pensa é que eu sou do Brasil, aí eles chutam pelo sotaque mais próximo: italiana, portuguesa, espanhola... e por aí vão (e olha que ele era italiano também!). Então hoje foi um daqueles dias em que a sorte do orkut deveria dizer "Hoje é um bom dia para se fazer amigos", mesmo que ela só tenha dito "A vida amanhã é muito tarde, viva hoje".

Tinha pensado em dedicar essa décima primeira edição à lingua francesa, mas com o andar da carruagem, não vejo muito espaço pra isso, e já começo a esquecer todas as outras coisas que queria falar sobre. Bom, tinha a descrição do pessoal da minha sala que já foi mais ou menos dada: as nojentas (uma italiana, uma francesa e uma inglesa); o sósia desengonçado do jom; um menino que eu hoje, olhando de esguelha, achei que era uma menina; um outro (o fi animadinho) que fica desenhando carinhas a aula inteira; umas japas; um veio; umas meninas de cabelo bem compridão; uma ruiva do cabelo enrolado e peitão; e hoje também tinha um bailarino russo. Nossa, ele era imenso de alto e tinha uma super aliança na mão esquerda. Estão vendo meninas? Aprendam: o dia que vocês arrumarem o bailarino russo de vocês, tratem logo de providenciar uma super aliança pra botar na mão esquerda dele! Marca território bem marcado que é pra qualquer uma desistir de qualquer idéia logo de início.

E falando em gente bonita, outro dia eu vi um principe no metrô. Fazia tempo que eu não via um rapaz tão bonito aqui (falando isso parece até pecado né, mas é verdade, todo aquele desencantamento funcionou como um belo par de óculos pra minha europia (miopia européia)), mas nesse dia eu parecia, assim, a bela adormecida acordando com o principe plenamente encantado (ou seria ela(eu) a encantada?). Pouco importa, o que interessa era que o menino parecia o William no auge da sua juventude, naquela época em que ele saia na capa da Atrevida, só que ainda mais maduro e bonito. O ó! Depois disso vi um músico também. Mas não era encantado. Tava mais pra um desses filósofos antigos (só que jovem ainda) bem barbudões que a gente só ve em foto P&B. Ainda assim ele me chamou a atenção. Não tinha aquela beleza óbvia dos principes, mas a misteriosa dos músicos. Refleti com qual eu me casaria. Cheguei a conclusão que uma boa música não envelhece prum bom ouvido. Não sei se isso responde, mas vá lá quand même (can meme).

Ah sim, nesse tempo todo em que venho escrevendo tenho ido à natação. AFE. Sério, se eu pudesse tomar injeção, ou tirar sangue no lugar de ir nadar, mesmo que fosse duas vezes por semana, acho que eu sofreria menos. Juro que é um martirio. 

E que mais? Ah é, essa semana chegou nessa Parisa a Kameni (ai, tem muito brasileiro nessa terra, daqui a pouco to falando mal do primo de alguém sem saber)! Saímos pra tomar alguma coisa. Levei ela pra conhecer a night da Sacre Coeur. E não é que tava vazio? Acho que era o frio. Ainda assim foi bem divertido!

E falando no frio... me descobri uma mulher sem palavra. Sem princípios. Ou quase. Logo eu que sempre participei da política Diga Não à Boina, outro dia saí com mamis para comprar aparatos de frio como coisas para a cabeça e para as mãos. Não teve jeito... me rendi. Ai que horror, o que dirão minhas companheiras do Queime Um Chapéu, Não Queime um sutiã?! Como pude, Senhor, cometer tamanha falta!? Mas sabe, gorro também... ficar de gorro em Paris, não dá sabe... não é classe... mas eu juro que são decentes! Não tem flores, nem véu. Só um que é peludinho e os outros dois tem um laço que é pra ninguém achar que estou de touca de banho. É... comprei 3... ah gente... não dá né? 4 meses empacotada sem poder trocar nem uma vez de cor ou de modelo pra ficar mais bonito com a roupa/situação? Mas comprei na C&A porque também não sou besta de ficar comprando chapéu caro. Aí segunda foi o teste. Saí na rua sentindo que tinha mesmo era uma melancia na cabeça. Acho que acabo me acostumando. O problema do chapéu é que depois você não pode tirar porque o cabelo dá beijos né, é chapéu pro resto do dia, então tem que estar no espírito. Mas mamis disse que eu fico parecendo moça antiga. Espero que isso não queira dizer "chapéu é demodê".

Bom... pelo que a barrinha lateral da minha página de email indica, já escrevi o bastante por hoje, acho que posso deixar vocês descansarem a vista.

A diquinha de moda está cada vez mais escassa. Quase uma diquinha em extinção. Quem diria que o nosso bom e velho professor David Penington estava certo!? MEIA CALÇA BEGE ESTA EM ALTA! Juro! Uma coisa. Vale aparecendo só assim, de leve no pé com sapatilha, até de vestidinho curto e sandália aberta. MEIA CALÇA BEGE É TENDENCIA!

E o resumão. Outro dia almoçando no RU tinha um rapaz sentado ao lado. Do bolso do casaco dele saia um cartão postal. Espichando o rabo do olho consegui pescar no meio daquela confusão escrita um "je t'aime".

E pra acabar no ritmo de pesquisadora, concluo o journal com uma pergunta: as joaninhas hibernam?

Bisous nos cous,
Juliá

Ps: Divido com vocês esse momento indescritível para mim que é ouvir um refrão do ABBA, mental e ininterruptamente:

...
And with no trace of hesitation she keeps going
Head over heels
Breaking her way
Pushing through unknown jungles every day
She's a girl with a taste for the world
...

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