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25/06/2012

journal FVII

não estou mais em paris, mas paris ainda está em mim


21/09/09
Ois amigos!

Já fazem 47 dias que estou cá do outro lado do mar. E continuo escrevendo, mesmo recebendo cada vez menos respostas. Mesmo assim, carente, sozinha, e mal-amada, eu continuo escrevendo, em Paris (ha-ha).

Depois de duas palavras de vingança, procuro na memória as perdidas da semana. Como escrevi o journal 6 atrasado, e o 7 ainda em tempo, este vem com menos histórias... mas nem por isso será menor (ha-ha-ha).

Nessa vidinha, que que a gente faz? Você me pergunta, e eu respondo: nessa vidinha a gente visita uns castelos. É, porque enquanto a gente não casa com um duque (ou no caso aí da terrinha, com um deputado) e compra um só pra gente, só dá pra ir visitando/sonhando com os daqui... e é visitando - não sonhando - que a gente paga o pão dos guias turísticos. Então, eu, vó e vô alimentamos por um mês 3 coitados: uma fia que falava inglês e italiano muito bem, um fio que falava inglês e espanhol muito mal e um  japa que falava japa. Aí os fio foram andando e a gente foi seguindo. Calma, gente, calma, nós não fomos andando até lá, nós fomos de ônibus mesmo. O primeiro castelo, meu futuro lar doce lar, chama-se Chenonceau (Xênonçô - pra vocês, plebe pobre e ezótica do 3o mundo). Minha casa fica no meio de um rio, de frente pra um boulevard (bulevar) de longas árvores, ao lado de um jardim geometricamente planejado, próximo a um labirinto rodeado por um bosque. Uau! Pois é, eu sei, não é a toa que é o meu futuro lar. Depois seguimos para Cheverny (Xeverní), um palacete, assim, bonito, mas que eu tomei implicância porque os herdeiros ainda estão por lá, então no meio da decoração original do século 16/17 a gente encontrava uns porta retratos com umas fotos de um casamento em 1994, e de umas crianças de cabelo lambido. Depois veio o Chambord (Xambór), colossal, e só para festas, bailes e jantares... bons tempos aqueles... uma maravilha ser rei!

Depois desse dia castelento, na semana sobrou só o cinema para contar. Aqui, na terrinha das artes, tem carteirinha pra tudo. Não sei se é porque o povinho daqui é assíduo demais, culturalmente falando, ou se é só pra ter mais formulário pra preencher, porque aqui, só falta ter que preencher formulário pra tomar água da torneira. Acho que é porque ela dá pedra no rim, aí seriam vários pro seguro social, então eles deixam passar. Bom, eu preenchi alguns outros vários insuportáveis e intermináveis formulários e aderi às carteirinhas do cinema. Aqui tem um cinema que você paga uma taxa mensal e vai quantas vezes você quiser, ou puder. Como todos os filmes passam por aqui, resolvi me vingar da abstinência que eu tinha em Brasília e fui 3 vezes ao cinema em uma semana! E vou mais umas 5 até o final do mês! Vi A Deriva, 2x Inglorious Bastards, Julie e Julia, e começo a ter idéias para meu trabalho final. Sim, até porque tenho que ter idéias logo, mas isso eu explico no próximo parágrafo. Ainda quero ver 9 do Tim Burton, O profeta, aquela animação da pixar, que eu não sei o nome, do menininho escoteiro, e um outro que não sei se saiu aí também chamado Les Regrets, além de 500 dias juntos e... afe! chega! eu vou é ficar doida, isso sim, com tanta carteirinha, tanto filme, tanto teatro, tanta coisa pra fazer! chega a dar uma angustia!

Hoje também me inscrevi na universidade! Com, adivinhem, carteirinha e tudo! Parecia até matricula na UnB. Um monte de fila, fila pra tudo, pra todos os lados, e todas longas. Aí tinha que ficar preenchendo um monte de formulário e pagando um monte de taxa. No final você recebia a carteirinha. Levei minha pior foto. Quis morrer. Achei que era pra deixar com eles, lá num desses montes de formulários que eu já sabia que ia preencher, aí morrinhei a foto bonita, que já está acabando, mas não, era pra maldita da carteirinha. Agora tenho que olhar para aquele ser estranho, descabelado, esbugalhado, dizendo ser eu, o resto do ano! Ai que horror. Vou botar um daqueles adesivos de sorriso em cima, que nem a gente fazia na 5a série. Ah sim, quase ia me esquecendo, ficou que vou ficar no Master2 mesmo e devo dizer, estou em pânico! Por isso a pressa das idéias. Torçam por mim!

Amanhã vou me inscrever na natação! (oohh) Pois é minha gente, se eu pudesse fazer uma comparação estranha, diria que o esporte é o assassino da serra elétrica, e eu, aquela loira que corre dele na floresta. Agora eu não me lembro se ela escapa dele no final. Melhor assim, se eu lembrar, é capaz de desistir antes de me inscrever. De maneira ou de outra, aqui na cité (citê) tem uma piscina (coberta, por favor) que pra usar é bem baratinho. Mas tem que usar maiô de uma peça, não pode ser de duas, se não, do jeito que os franceses são, acaba sendo é nenhuma mesmo. Aí vou acabar comprando um ali na máquina. Sim, porque aqui eles tem máquina de tudo, refrigerante, café, lanchinho e artigos de natação, onde você encontra além de maiôs e sungas, óculos, toucas e até tampões de ouvido! Nossa, mas esses europeus pensam em tudo mesmo né!?

Amanhã vó e vô partem continente afora. Depois voltam por mais 2 dias e après (apré), back to terrinha. Eu continuo aqui, na terrinha que fica do outro lado do mar. Descobrindo novas gírias, enfrentando os mal-humorados, adivinhando o tempo, deslocando minhas costas, desmistificando essa gente. Se eu pudesse fazer outra comparação estranha, diria que me sinto como Pedro Alvares Cabral quando descobriu o Brasil, só que um pouco mais bem informado.

Essa terra não tem palmeiras
Também não tem sabiás
As aves daqui são escuras
E não gorjeiam como lá
Mas aqui também tem primores
Outros tantos diferentes
E em cismar, sozinha, à noite
Encontro tanto lá, como cá
Todos bons de contar
Não permita Deus que eu esqueça
Das palmeiras, dos queijos, dos vinhos, dos sabiás
De tudo que eu encontro tanto lá, como cá

Nossa, depois desse momento poesia, melhor nem revisar esse pedaço que é pra não ficar deprimida, vou ali pro cemitério de montparnasse começar a viver como os boêmios do romantismo... e depois desse momento piada intelectual, eu paro logo de escrever, porque tudo isso é um mau sinal.

A diquinha de moda não tem, nesse email teve até momento poesia e momento piada intelectual, seguir tudo isso com uma diquinha de moda é demais pruma lida só.

O resumão da semana sempre tem, porque são momentos de minutos que valem a pena serem divididos em outros vários: lindo foi descobrir escondidos por entre os relevos dos arcos do Arco do Carrossel, ninhos, muitos, pequenos, camuflados, de andorinhas. E debaixo podia-se ouvir ecoando o canto alegre, ou talvez esfomeado, dos passarinhos. 

Pros olhos que ainda tem coragem, seguem algumas fotos (eu e o louvre, eu e a torre eiffel, eu e o sena, eu e...) nãão... não sou sádica a esse ponto, só tem eu e o arco do triunfo e eu e... hehe mas falando sério agora, tem 2 fotos do show que eu fui (rock en seine); eu acendendo uma vela que é pro santo ficar feliz, lá na notre dame; algumas do meu aniversario - karina + família / vô, vó e mamis; não deu pra anexar mais porque o email é plebeu e só tem 10MB de potência. No próximo, envio umas fotinhos de onde eu moro, e depois quem sabe de onde eu vou morar hehehe

Beijos e não reclamem, a única pessoa que pode reclamar aqui sou eu, que estou carente, sozinha, e mal-amada do outro lado do mar, em Paris (ha-ha-ha-ha) eu só faço isso que é pra vocês sofrerem um pouco também, sabe? de raiva ou de inveja.

21/06/2012

like wild horses over the hill

queria escrever sobre alguma coisa bonita pra comemorar. pra acreditar. nos arquivos só tristeza, choro e saudade. que tudo se exploda! que é dos fantasmas que eu me alimento. o dente, a fruta, o cheiro. veneno. tudo é pipoca. nuvem. tudo é água, tempo e silêncio. eu aprendo, eu aprendo. e é correndo que eu chego lá.

19/06/2012

uma aprendizagem

certo, guardarei seu silêncio como uma lição. e me calarei também. com uma taça de vinho, esperarei pelo tempo. fique, more dentro de mim, destrua tudo que conseguir, deixe apenas o corpo. o tempo e o vinho darão conta das coisas. sozinha, perdida no vazio, a saudade também cansa. eu hei de te esquecer.

18/06/2012

joural FVI

eu ia escrever sobre... mas paris dentro pulsa, e me salva.


16/09/09
Ois mes chères!

Depois de uma semaninha infernalmente tepeemastrálica, eu volto a descobrir o que é o amor. O céu é mais uma vez azul, as flores já tem cheiro e a música volta a me arrepiar. Ah... como é bom viver... em paris! hahahaha Pois é. Voltei a ser gente. Acho que quem inventou a história do lobisomem era casado. Aí pra não ficar muito evidente de onde vinha a inspiração ele falou que a culpa era da lua. Mas coincidentemente, a lua cheia só acontece uma vez por mês... does it ring a bell?...

Aí o que posso contar, ou melhor cantar, já que estou gazelenta?... meu aniversário foi simplesmente bom. simplesmente, porque foi simples. bom, porque foi bom. não faltou ninguém (dentro das possibilidades): mãe, voio/voia, karina + familia. sobrou um amigo dela. mas era simpático, então também foi bem vindo. Ganhei presentins que me deixaram feliz também. Uma canequinha de infância, um pijama, um livro, sabonete e cartinhas, muitas cartinhas que me deixaram tão feliz! Obrigada pros que lembraram! Comi um risoto de queijo com frango. Tomei um vinho. Vimos a pontinha da torre eiffel acender as 10 horas da noite. Dormi.

Comecei o email já pelo fim da semana que foi a parte mais importante... mas antes disso também aconteceram outras coisas como a chegada dos meus avós, alguns passeios que fiz com eles... pequenas coisas que não valem o relato. Então ficamos só com o curioso. Quem diria que europeu é farofeiro? Ninguém, lógico. Peroquê, mis amigos, aquele piquenique que a gente ve nos filmes antigos, com aquelas toalhinhas brancas de renda, debaixo de uma arvore em 1800... aquilo lá, mis amigos, na bem verdade, não difere em nada da nossa boa e velha conhecida farofada! Aqui nessa terra, liberou uma grama, uma sombra, ou qualquer pedaço de chão alinhado em que não passem carros, mis amigos, tão lá, os farofeus, digo, europeus. aí cada um traz uma coisa. É batatinha, pão, salada, salame, vinho, suco, copo, talher, toalha, bolsa, abridor, afe maria! Eles só não levam o isopor. porque aqui toma-se tudo quente mesmo. ou melhor, frio, mas se esquenta ninguém liga. Então, mis amigos, ta com aquela fome, quer levar aquele frango assado pro clube, mas não acha classe? T'inquiete pas! Pode levar, leva mesmo! Aproveita e chama os amigos, leva a cervejinha, e se quiser leva o isopor também, porque cerveja brasileira quente, realmente, nem europeu aguenta.

Mas sim, agora explicando o porque da explicação: quarta feira meu amigo que dura 1 semana (oohh) Clément me chamou prum piquenique. Pra vocês terem uma ideia de como o piquenique é uma atividade extremamente praticada aqui na terrinha, eles tem até um verbo! Piquiniquer. Já imaginou se a gente libera um verbo pros farofeiros? Êta que ia ser a festa, ou melhor a farofa! Aí a gente foi fazer um piquenique - a noite - porque aqui pra piquinicar não tem hora, nem lugar, porque a gente foi fazer um piquinique no meio da ponte. oo dó. mas foi legal. tirando a parte que eu tive que abstrair a falta de higiene francesa quando vi o Clément cortar o pão direto no chão, com o queijo quase encostando no tenis. eca. Mas aqui também tem isso: ta no inferno, abraça o capeta; ta na chuva é pra se molhar; ta na frança... já deu pra entender né? Aqui quando você compra um crepe, melhor pagar depois que receber o alimento, porque tem esse negóço de mão que pega no presunto não pega no dinheiro não! Aqui, pegou no presunto, pegou no dinheiro, pegou na massa, coçou a cabeça, pegou no pão etc.

Sexta eu também fui no Caravane com a karina-familia+amigo. O amigo tava meio mal humorado porque ele era fino, e o caravane é rock n' roll então não tem gente fina. E o tipo do amigo era "modelo italiano de propaganda de perfume". enfim. Também foi uma carioca carente com a gente. Ai, uma mulher que conheci no ônibus e que me deu um pouco de agonia porque ela é ligada na tomada. Ai que nervoso que dá. Ela me ligou perguntando que que eu ia fazer. Falei assim, meio gemendo que eu já tinha combinado com uma amiga e... ela "Ah, e eu to convidada?" como você responde uma pergunta dessas? ou melhor, quem faz uma pergunta dessas? Sendo que eu só tinha visto a dita 2x na minha vida e falado menos de 5 minutos em cada vez? Aí eu gaguejei tentando pensar rapido numa resposta. Inutil. apesar de tudo, ela é simpatica. é carioca... a gente dá um desconto... e ela foi embora cedo então nem deu pra enjoar muito do sotaque (que fique claro que não tenho nada contra cariocas - minha familia é toda de lá). Além dessa companhia apendicítica, lá também se encontravam o barman ruivinho (aquele que só a larissa achava bonito). ele nem estava tão feio do que eu me lembrava, mas ele ainda toca as mesmas musicas dor de cotovelo. e o bailarino russo. Dessa vez, no lugar do chinelo, ele usava uma touca, por isso que o amigo da Karina tava nershvoso. O coitado em Paris e a gente levando ele pra ver menino de touca. hahaha também tinha uma mocinha atendendo e o lugar tava cheio de gente. Foi legal, mas na ultima hora, depois de uma certa pressão familiar, a karina resolveu ir embora mais cedo e eu voltei pra casa.

Domingo também foi especial. Domingo eu conheci o jardim da Alice. Um lugar encantado, mágico, lindo. De dar vontade de botar um vestido branco, um batom vermelho, cair no meio daquelas flores e morrer de amor. O jardim da Alice não era bem da Alice, era na verdade do Monet. E era cada flor erótica. Era cada cor. Cada cheiro. Uma onda de estímulos nervosos. Tinha o laguinho, a ponte e as ninféias. E tinha também a casinha dele. Mas o jardim era demais.

A diquinha de moda também tem! Meninos e meninas: a franja é dividida lá na linha final da sombrancelha. É, lá do lado da cabeça, quase em cima da orelha. Pode dividir bem divididinho e jogar tudo pro outro lado, do jeito que der. E as cores da estação são o laranja abóbora, o roxo beringela e o azul petróleo.

O resumão da semana também tem! Descobri o erotismo das flores e que farofa de rico tem outro nome. Depois de achar a música de A Deriva na internet, tenho escutado repetidamente, incessantemente. E cada vez é um arrepio novo, uma vontade de ler todos meus livros de uma só vez, e de usar todos meus perfumes, de escrever, de fazer um filme, de desenhar, de chorar, de dançar, de correr. Outro dia no trem, um rapaz lia uma partitura e balançava a cabeça. a musica estava toda dentro dele.

Hoje o email foi mais curto.
Profitez,

17/06/2012

o gozo II

era isso, agora eu me lembro. dor e prazer em um não ver branco de luz escura. onda furiosa levanta e morre em espuma fina e quieta. não mais existir ou existir demais. água. é tudo que sou, é tudo que tenho para te dar.

13/06/2012

journal FV

paris tem cheiro de saudade...


13/09/09
Ois malvados!

Hoje, devido a falta de respostas, ao inferno astral e a tpm, declaramos greve! no journal de voyage. Nós (eu e a pomba gira) da redação do journal estamos revoltadas com a falta de amorsh e atenção dos nossos leitores. Somados os outros fatores, é insuportavel continuar com esse semanário! Agradecemos a compreensão, au revoir!



Ah ta, que eu ia dar esse prazer pra vocês né! Mudei de idéia, vou escrever sim sobre a semana 5 dessa vidinha. E vai ser insuportavel, tendo em vista o meu estado de fervor emocional. Culpem o inferno astral. 

Comecei a semana levando bronca do homi do Ru. Não, não era o mafioso. O verdadeiro Ru abriu finalmente. Não é tão grande quanto o da Unb, mas chega a ser mais bagunçado. Tem opção demais de comida, e a cada uma muda o preço, aff, e cada fila vai prum lado, ê-ê, pelo menos não tem aquelas catracas! Mas a bronca não teve nada a ver com isso. Foi porque me deram um bife cru. Aiai, não, não sou exigente, o boi tava tão vivo que não dava nem pra cortar! Uma coisa nojenta. Aí pensei umas 5x se valia a pena ou não ir lá pedir pro cara me fazer esse favor. Sim, favorzíssimo, porque a obrigação dele era me servir um bife, ninguém disse tragável ou não. Enfim, tomei o guts necessário e fui. Enfrentei a fila de japas/coreanos/americanos. O homi, já de olho no meu prato cheio, veio perguntando o que é que eu queria afinal! Disse eu "sr. err, será que err, dava pra err, passar mais o bife, err..." aí ele começou a resmungar, e eu no err... e ele resmunganu. Minha sorte é que eu só entendo 1/3 do que eles falam, então fiquei sorrindo e agradecendo, e o homi resmunganu. Uma chatice. Próxima vez pego o macarrão que ainda era mais barato. Acabou que joguei metade do boi mal passado fora, porque a má vontade do homi conseguiu amargar a comida todinha!

Aí pra me adoçar, fui com a karina + familia no museu da boneca. Num bequinho, um museuzinho. Uma coisinha. Com bonecas de 1800 e uma exposição temporaria da barbie. já deu pra imaginar né, só tinha mulher e criança. De repente a gente esbarrava nuns caras. Faz parte. Muito bacana. Ah sim, e tudo isso debaixo de uma chuva bizarra. Aí caminhei pelas ruas de paris com Karin+baby e descobrimos umas travessas mágicas. Travessa de bolo? Não, aquelas passagens de uma rua para outra... Mas mágica tipo a do Harry Potter? Não, mágica tipo lindinha. Eram umas travessas com umas lojas de doces, de brinquedos, de miniaturas, com umas livrarias de cinema e artes em geral, uma coisa! De dar vontade de virar mendigo pra morar ali!

N'outro dia comprei um chip pro meu celular! Agora vocês também podem me enviar mensagens, e pra quem é murrinha eu dou a dica: vai no skype e lá na opção de telefonar tem uma opção de enviar mensagem! CUSTA MENOS DE 30 CENTAVOS, NÃO TEM DESCULPA! Nesse dia também comprei uns brinquinhos, porque estou me sentindo muito peixe fora d'agua nessa terrinha. Aí fiquei vendo a moda mudar de estação e eu ficar com as roupitchas de sempre... me dei esse luxinho e me fez bem. Também comprei meu casaco de inferno, digo, de inverno, mas aí não foi luxo, foi necessidade mesmo.

ah sim, também entrei na campanha adote um amigo! Agora eu ando com um cartaz pendurado nas costas escrito "hugs free". Mentira, mas o francês me ligou, ou seja, 'beijos te ligo' não é necessariamente da cultura francesa, e me adotou como amiga! Ai que alegria, agora eu tenho um amigo que já dura 3 dias! O nome dele é Clement. Ele é engenheiro de bonde e ator nas horas vagas. A gente foi numa peça de teatro. Num lugar lindo, que ficava num buraco. Tudo que é lindo nessa cidade fica num buraco (a descontar a torre eiffel). Um teatrinho, parecendo meio improvisado, mas muito confortável. Vimos volta ao mundo em 80 dias. Comedia quase pastelão, porém bem montada, com ótimas soluções de cenografia e um figurino completo! Isso foi na quinta. Comentei sobre um festival que ia até domingo de curtas metragens e ele foi comigo no sábado. Também num lugar lindo que ficava num buraco. Era tipo um centro cultural pequeno, mas que ao lado tinha esse restaurante com jardim de inverno e tudo, além de musica boa. No meio dos curtas tinha um brasileiro. Um dos melhores. Chamado Muro. Um filme de Tião. também fui nesse festival na sexta. Foi num parque bem interessante, com uma pedra enorme do meio de um laguinho, e no meio da pedra tinha uma ponte de madeira que dava lá na ponta, onde tinha um coreto. Uma coisa de romântico, mas eu estava sozinha então não foi tão romântico assim, e eu nem subi na tal pedra, então foi menos romântico ainda. E nessa solidão toda eu tremia. Tremia de frio, que nem vara verde. Achei que ia morrer. Até ver um vendedor ambulante de cobertor. não, não era uma miragem, mas era a salvação. Não hesitei em gastar módicos 4 euros pela minha sobrevivência. Passados o frio e a solidão, já que o bom cobertor aqueceu até meu coração, comecei a fazer rimas de alegria. Mentira, não faço nada alegre, muito menos rimas, porque estou de tpm em pleno inferno astral. Vê se pode alguém ficar feliz e fazer rimas num estado desses.

Aí domingo foi o primeiro domingo do mês, entón aproveitamos (eu e mamadi) para ir num museu de graça! Fui no Quai Branly - de ashte ezótica. Dessas da Áfffrica, da Oceania, da Índia... até a Argentina foi considerada ezótica, menos o Brasil. Tá, fomos contemplados sim, com um mísero cocarzinho - desses de peninha de periquito - e uma lança. O QUE? Tinha até roupa de índio americano, máscara de índio canadense, e do Brasil o que? Um mísero diadema de periquito! E é na praia de quem que eles vem se banhar?! Ahn? E ainda ficamos pro final da exposição, justo quando todo mundo está exausto, passando batido pelas coisas de tanta preguiça. Agora me pergunta se alguém vê o nosso diadema?! Deixa que eu mesma respondo: duvido! Eu quase que não vi! E olha que fui coisinha por coisinha lendo nas etiquetas o lugar de onde elas vinham, só pra me orgulhar, e quase perco das vistas nosso diademazinho de peninha de periquito. Enfim. Também tava tendo uma exposição temporaria do tarzan, mas não foi tão legal.

Hoje fui com a Karina - familia na universidade. Me disseram que não estávamos inscritas. Um nervoso. Fomos n'outro lugar resolver essa pendência, que obviamente não se resolveu. Fiquei 1h numa máquina de xerox tirando copias. Eu mesma tirando as cópias. Quase a Mulher que copiava. No mais foi assim a semana.

Ah sim, semanário passado faltou a diquinha de moda, entón, seguem várias neste aqui para compensar: meninos, podem botar o sapatinho pra fora do armário. Aqui, mais que o allstar e o keds, é sapato com tudo. calça jeans, social, bermuda e vá lá com o que mais vocês conseguirem. Para as meninas, sandalinha gladiador. Para os dois, aqueles fones de ouvido grandes e sem fio, sabe, modernões, que é pra mostrar que você é antenado nas novidades musicais. Também vale ter sempre à mão um celular desses mais específicos e coloridos de tocar musica. 

Bom, e dessa até Janes Joplin duvidava, a moda hippie está com toda nesse inverno. Blusões folgados, com mangas boca de sino, estampa miuda e coletinhos à la Cruela Devil (é cada um que dá até pra por nome: fifi, mimi, lulu e por aí vai), sandalinha rasteira, corinho no cabelo, bolsinha de franja. Já deu pra entender né? 

E pra terminar (podem rir de alivio, meus caros, o email está no final, mas quem ri por último, ri melhor) o resumão: esses últimos 3 dias fez menos frio. O sol tem sido corajoso e apontado entre as nuvens. Na fila outro dia tinha uma família: mãe, pai e no seu ombro, a baby girl. E enquanto batucava na careca do pai, a filha lia nos lábios da mãe "i love u" e respondia "no i love u more" e depois trocavam beijos e abraços. Essa semana quero ir ver o filme do Zé do Caixão que vai passar num festival de filmes bizarros, chamado - no bom e velho ingles(?), Embodiment of Evil. Hoje um mendigo passava por mim cantarolando quando pesquei "le collier qui brille au soleil" e quando me dei conta, o colar que brilhava no sol era o meu. Paris é uma cidade de muitos cheiros, já disse Grenouille de O Perfume. Em uma mesma rua você vai passando e sentindo as nuances. Tem cheiro salgado de pão, e azedo de gente; tem um cheiro específico da linha do metrô que eu pego pra ir pra casa (numero 4) que me lembra uma assadeira de biscoitos quente. Mamis diz que é fuligem. Toda moeda tem duas faces.

HA HA HA

10/06/2012

journal FIV

porque só aperta...


31/08/09
Ois amores!

Será que eu arrumo nomes suficientes que caibam bem no plural e no inicio desse email até o fim do ano? Bom... quem viver verá! ha-ha

Que foi que eu fiz essa semana? Essa pergunta está começando a ficar chata. Essa semana eu fui num lugar chamado Palácio de Tokio (traduzido) que deve ser legal. Deve porque quando eu fui não foi. Como assim? Assim que é um lugar de exposições, tipo um buraco urbano, antro de pessoas in, mas que eu dei um certo azar. A decoração do lugar era ótima, as duas lojinhas eram ótimas (uma de livros e postais - que eu me segurei pra não comprar todos - e a outra de coisas legais e caras que só as pessoas in E ricas compram, tipo toy arts gigantes, roupas e outros utensílios de casa que são mais divertidos do que práticos, realmente), o café também era ótimo. Só o banheiro que não era ótimo E a exposição que estava em curso. Primeiro que tinham duas, uma mais cara que a outra. Fui na mais barata, como uma boa brasileira, e talvez por isso tenha sido tão ruim. De qualquer maneira, a mais barata saiu quase de graça, graças à minha amada carta de estudante. Dica: quando pensarem em vir pra europa, não hesitem em fazer uma carteirinha de estudante. Se der pra mentir e fazer uma de estudante de arquitetura, melhor ainda! Enfim, a exposição que se dizia de arte contemporanea, era MUITO ruim. E pequena (ainda acho que eu perdi uma parte, porque não faz sentido um prédio tão grande, e tanto anúncio pra ver 1/2 duzia de coisas ruins). Pra vocês não acharem que eu sou exigente, me deparo com 3 pedaços de pedra. Curiosa, me aproximo do nome da obra: "Para diminuir as montanhas". Interessante. Abro a revista - que na verdade era o catálogo (por módicos 1 euro que eu me dei ao luxo de comprar, já que a entrada também tinha sido 1 módico euro) e leio a explicação, sim porque deve haver uma explicação para uma obra assim, tão contemporânea que se você olhar, você não entende, e veja só QUE originalidade, QUE visão desse artista, QUE futuro! O cidadão foi lá nos Alpes Gressoney, Cusna E Turchino, veja bem, o cidadão foi em 3 alpes, quebrou 3 pedacinhos de montanha, veja bem, 3 pedacinhos, um pedacinho de cada alpe, e expôs lá! Eu mereço? Não, deixa que eu mesma respondo: não, eu não mereço pagar nem módicos 1 euro por isso! Acho que se tivesse pagado 10 euros pra ver a exposição de fotografias da lua teria valido mais a pena! Enfim, além disso tinha uma geringonça que só funcionava em determinados dias e horarios e um pedaço de parede quebrada enfiado em outro pedaço de parede quebrada. Tinha também um auto falante ligado que tocava uma emissão de radio que falava uns nomes de umas pessoas, 3 tubos que de dentro saiam uns ruídos e as 2 coisas mais legais da sala: um monstro verde do pantano feito de brinquedos do mcdonalds e umas fotos de um cara dos anos 30 que juntava os soldados e fazia figuras humanas. Sabe? Daquelas gigantes? Que é um monte de gentezinha junta? Pois é. Era isso a exposição. Amada seja minha carta de estudante!

Na frente desse Palais de Tokio tem o museu de arte moderna de Paris que eu aproveitei a tarde e fui também, pra ver se eu me sentia menos mal de ter me dado tanto trabalho. É... não posso dizer não que me senti menos mal... mas foi por pouco. O lugar também era cheio de obras que se dizem de arte contemporanea, 99% delas MUITO ruins também. Algumas eram boas. E tinham outras de ashtishtas modernosh famososh como Matisse. Enfim, foi interessante, e o melhor, de graça. E no meio desses dois lugares estava o antro dos skatistas de paris. Uma praça com a fonte seca, cheia de meninos, jovens e tios caindo de skate. Caindo porque eles caem mais do que andam. Fiquei por lá. Do lado de umas senhorinhas no café. Tomei um sorvete azedo. Desenhei uns pombos. Fritei um pouco no sol. Não consegui perguntar pro homem onde era o lixo. Depois que o encontrei não consegui abri-lo. Mas foi bom.

Noutro dia me enveredei novamente por outro buraco urbano, e esse sim valeu a pena. Arrastei Karina + familia junto. Uma exposição de quadrinhos. Todos os originais do mickey, tim tim, superman, etc etc, tinha coisas do keith harring também, entre outras instalações e quadros divertidos. Muito bom mesmo, acho que vou voltar lá com mamis pra ver com mais calma as coisas. E o lugar também era ótimo.

Que mais? Ah no meio disso tudo chegou o amigo da minha mãe. O amigo ashtishta dela, o Kishe. Não, ele não é uma comida francesa. Ele é um artista plástico Japa/Brasileiro/Italiano. Credo, tudo isso? É meu amigo, quero ver fazer melhor. Ele ficou aqui em casa 2 dias com a mulher e os dois babies. Uma menininha japa e um menininho loiro. Não, ele não é filho do padeiro. É que a mulher dele é inglesa mesmo. Aí o baby loiro desembestava a falar em italiano comigo. Me pergunta se eu entendia alguma coisa? hahaha ô dó. Mas eles todos eram simpatississimos.

Fora isso eu fiz minhas unhas. Uma tarde só pra isso. Não se esqueçam, essa semana todo mundo beijando sua manicure! Ah e a parte importante: fui para minha segunda entrevista de emprego. ai que meda! O serviço era pra acolher as pessoas que assistem a certas emissões de uma rádio daqui. Trabalhim fácil. Pra isso fui assistir uma emissão. Muito legal! Como eles tem estrutura viu!? Aí, quase não teve entrevista. A tarefa era mesmo muito simples, era mais para o cara olhar para a minha cara e dizer se eu era bonita o suficiente para a imagem da empresa dele. Acho que não, porque ele falou que ia me ligar e ainda não ligou. O verdadeiro "beijos te ligo". Enfim, também descobri que todos os trabalhos que tenho procurado aqui não são remunerados. Tá vendo, europeu não é burro que nem a gente não! Eles sabem como resolver o "pobrema" deles. Estágio até 3 meses não precisa necessariamente ser remunerado. Só a partir disso é que você recebe alguma esmola. Vai fi, vai dar uma de espertão pra cima de europeu rico. Eles não pagam é nada, por isso mesmo é que são ricos! Aprende 3o mundo, aprende.

Aí como comentado no semanário passado, fui no show do Oasis. Quer dizer, fui e não fui, porque como os bem informados já devem estar sabendo, eles cancelaram o show. Na bem verdade, esse Oasis ta mais pra miragem mesmo, porque não existe mais. hahaha E EU ESTAVA LA!! Pros amigos não cobro nada pelo furo. Pois é. Fui no tal do festival. E foi MUITO bom! Fiquei chocada com essa historia da banda que acabou, achei muito engraçado. Devia ter comprado uma camiseta do festival só pra riscar o nome deles na parte de trás. Que mais? Conheci umas bandinhas novas muito boas, e outras antigas boas também, mas que eu não conhecia tanto; também conheci umas bandinhas novas ruins e outras antigas ruins também. Enfim, tinha de tudo. As top 5 foram: Madness, Mgmt, Just Jack, Vampire Weekend, Yann Tiersen.

Que mais? Ah sim, Darwin. Ele estava certo. As coisas evoluem. Tudo começou com meu primeiro amigo (nessa história a gente desconsidera a karina, pra ficar mais legal de contar). Meu primeiro amigo durou 1 dia. Um indiano. Sim, sim, esse mesmo, primo do Ghandi, e do Bahuan. O nome dele é Vasu Sunkara e eu o conheci no RU improvisado daqui (aquele do caixa mafioso). Ele veio puxar um papo comigo perguntando como estava meu almoço. Quase não entendi uma palavra do que ele disse porque tinha sotaque de americano. Ué, e tem indiano nos EUA? Mas lógico, tem indiano até na Globo, não ia ter nos EUA? Aí ele me perguntou "cei vé lei dêijôunêR?" Está escrito como se lê. Alguém já ouviu um americano falando frances? aí, visto que eu não estou muito exigente por aqui, comecei a conversar com ele. Simpatico e educado. Ça va. Ele até foi comigo no show de sexta. Foi pra ver o Oasis. Coitado. Massa! Meu primeiro amigo indiano! To longe dos nativos, mas vá lá. Aí no sábado, lá, já cansada do show, sento numa mesinha pra beber um copo d'água e o tio do lado puxa papo também. Meu segundo amigo durou 2 horas. E veja só, era portugueish! Começamosh a nosh falaire em portugueish meishmo. Simpático o tio. Chamado Miguel. Aí assishtimos à ultima banda juntosh. Faith no more. Maish olha que beleza, já evoluímosh em alguma coisa naum é meishmo? Do amigo indiano do outro lado do mundo fui pro amigo europeu pertinho de casa! Eu chego lá, eu chego lá. No terceiro dia, já um pouco desanimada, mamis me diz "você vai conhecer um frances! Hoje você vai conhecer um frances, a palavra tem poder!" Só faltou ela cuspir em mim pra dar sorte. e não é que Darwin e mamis estavam mancomunadamente certos? Lá pro meio da noite, sento eu de novo em outra mesinha, dessa vez pra saborear um biscoito, e o rapaz da frente puxa papo também, perguntando sobre a banda. Em pouco ele me convida para me juntar a ele e seus amigos. Em mais alguns minutos estou eu no meio de uns 5 franceses, todos nativíssimos, da terrinha do queijo e do vinho. Simpático o rapaz também. Quase chorei. Brinks. Ressaltei bastante que estou sozinha aqui, sem ter companhia pra nada que era pra ver se ele me adotava. vamos ver se ele me liga mesmo ou se o "beijos te ligo" é original da cultura francesa...

Bom, é isso. Resumão: o outono já chegou. As folhas estão douradas e caindo das arvores. Os dias estão frescos e o vento frio. Provei a teoria da evolução e a bíblia ao mesmo tempo. Minha playlist do itunes aumentou. Entrei em crise com a arte contemporanea. Minha mesa está entulhada de panfletos. Meu cartão de transporte venceu hoje.

Pros que ficam, pros que vão, pros que são

06/06/2012

despe-me

aquele vestido... era como se uma outra dela estivesse ali na frente do espelho, olhando-a, lembrando-a de tudo que já vivera com aquela roupa. pena que já não conseguia mais dizer se eram bons ou ruins, os momentos... era a peça que ela mesma se pregava. quem? a moça do vestido, ou a do espelho? e não eram as duas a mesma? sim e não. a ingrata criatura estava lá. a ingrata criatura sempre está. estava no vestido, no caminho de volta pra casa, na comida e na água que se bebe, no cheiro sem memória. e quando a memória já não tem mais cheiro, a ingrata criatura também surge. lá do fundo das tramas do tecido, do fundo do esquecer. sai rasgando tudo que encontra pela frente. e lhe toma por inteiro. e lhe veste. quando se olha no espelho, ela é toda ela.

04/06/2012

h. hilst VIII

eu passei anos escrevendo seu nome dentro de mim. agora passo o tempo apagando cada letrinha, uma a uma, tentando te esquecer. nunca as letras foram tão infinitas.

01/06/2012

de tudo que me alimenta e me corrói

sou feita de imagens. sons, cheiros, peles e memórias. como um filme, só que nos filmes tudo é romântico. como é estranha a inocência... foi aí que o tempo parou. e eu não vi a chuva, quer dizer, o corpo. eu só vi o corpo. a fome, a dor, o frio. Godard, o corpo é o limite! mas a esperança nasce e renasce todos os dias. e a água está sempre lá. aí a gente vai se descobrindo... aos poucos. basta um pouco de escuro, e tenho o universo na ponta dos dedos. mas eu sei que um pouco de luz também faz bem. ainda estou esperando minha cabeça explodir. do se gre do do de se jo do de se jo do se gre do. faço questão que você não entenda. é preciso aprender a desconhecer.