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25/06/2012

journal FVII

não estou mais em paris, mas paris ainda está em mim


21/09/09
Ois amigos!

Já fazem 47 dias que estou cá do outro lado do mar. E continuo escrevendo, mesmo recebendo cada vez menos respostas. Mesmo assim, carente, sozinha, e mal-amada, eu continuo escrevendo, em Paris (ha-ha).

Depois de duas palavras de vingança, procuro na memória as perdidas da semana. Como escrevi o journal 6 atrasado, e o 7 ainda em tempo, este vem com menos histórias... mas nem por isso será menor (ha-ha-ha).

Nessa vidinha, que que a gente faz? Você me pergunta, e eu respondo: nessa vidinha a gente visita uns castelos. É, porque enquanto a gente não casa com um duque (ou no caso aí da terrinha, com um deputado) e compra um só pra gente, só dá pra ir visitando/sonhando com os daqui... e é visitando - não sonhando - que a gente paga o pão dos guias turísticos. Então, eu, vó e vô alimentamos por um mês 3 coitados: uma fia que falava inglês e italiano muito bem, um fio que falava inglês e espanhol muito mal e um  japa que falava japa. Aí os fio foram andando e a gente foi seguindo. Calma, gente, calma, nós não fomos andando até lá, nós fomos de ônibus mesmo. O primeiro castelo, meu futuro lar doce lar, chama-se Chenonceau (Xênonçô - pra vocês, plebe pobre e ezótica do 3o mundo). Minha casa fica no meio de um rio, de frente pra um boulevard (bulevar) de longas árvores, ao lado de um jardim geometricamente planejado, próximo a um labirinto rodeado por um bosque. Uau! Pois é, eu sei, não é a toa que é o meu futuro lar. Depois seguimos para Cheverny (Xeverní), um palacete, assim, bonito, mas que eu tomei implicância porque os herdeiros ainda estão por lá, então no meio da decoração original do século 16/17 a gente encontrava uns porta retratos com umas fotos de um casamento em 1994, e de umas crianças de cabelo lambido. Depois veio o Chambord (Xambór), colossal, e só para festas, bailes e jantares... bons tempos aqueles... uma maravilha ser rei!

Depois desse dia castelento, na semana sobrou só o cinema para contar. Aqui, na terrinha das artes, tem carteirinha pra tudo. Não sei se é porque o povinho daqui é assíduo demais, culturalmente falando, ou se é só pra ter mais formulário pra preencher, porque aqui, só falta ter que preencher formulário pra tomar água da torneira. Acho que é porque ela dá pedra no rim, aí seriam vários pro seguro social, então eles deixam passar. Bom, eu preenchi alguns outros vários insuportáveis e intermináveis formulários e aderi às carteirinhas do cinema. Aqui tem um cinema que você paga uma taxa mensal e vai quantas vezes você quiser, ou puder. Como todos os filmes passam por aqui, resolvi me vingar da abstinência que eu tinha em Brasília e fui 3 vezes ao cinema em uma semana! E vou mais umas 5 até o final do mês! Vi A Deriva, 2x Inglorious Bastards, Julie e Julia, e começo a ter idéias para meu trabalho final. Sim, até porque tenho que ter idéias logo, mas isso eu explico no próximo parágrafo. Ainda quero ver 9 do Tim Burton, O profeta, aquela animação da pixar, que eu não sei o nome, do menininho escoteiro, e um outro que não sei se saiu aí também chamado Les Regrets, além de 500 dias juntos e... afe! chega! eu vou é ficar doida, isso sim, com tanta carteirinha, tanto filme, tanto teatro, tanta coisa pra fazer! chega a dar uma angustia!

Hoje também me inscrevi na universidade! Com, adivinhem, carteirinha e tudo! Parecia até matricula na UnB. Um monte de fila, fila pra tudo, pra todos os lados, e todas longas. Aí tinha que ficar preenchendo um monte de formulário e pagando um monte de taxa. No final você recebia a carteirinha. Levei minha pior foto. Quis morrer. Achei que era pra deixar com eles, lá num desses montes de formulários que eu já sabia que ia preencher, aí morrinhei a foto bonita, que já está acabando, mas não, era pra maldita da carteirinha. Agora tenho que olhar para aquele ser estranho, descabelado, esbugalhado, dizendo ser eu, o resto do ano! Ai que horror. Vou botar um daqueles adesivos de sorriso em cima, que nem a gente fazia na 5a série. Ah sim, quase ia me esquecendo, ficou que vou ficar no Master2 mesmo e devo dizer, estou em pânico! Por isso a pressa das idéias. Torçam por mim!

Amanhã vou me inscrever na natação! (oohh) Pois é minha gente, se eu pudesse fazer uma comparação estranha, diria que o esporte é o assassino da serra elétrica, e eu, aquela loira que corre dele na floresta. Agora eu não me lembro se ela escapa dele no final. Melhor assim, se eu lembrar, é capaz de desistir antes de me inscrever. De maneira ou de outra, aqui na cité (citê) tem uma piscina (coberta, por favor) que pra usar é bem baratinho. Mas tem que usar maiô de uma peça, não pode ser de duas, se não, do jeito que os franceses são, acaba sendo é nenhuma mesmo. Aí vou acabar comprando um ali na máquina. Sim, porque aqui eles tem máquina de tudo, refrigerante, café, lanchinho e artigos de natação, onde você encontra além de maiôs e sungas, óculos, toucas e até tampões de ouvido! Nossa, mas esses europeus pensam em tudo mesmo né!?

Amanhã vó e vô partem continente afora. Depois voltam por mais 2 dias e après (apré), back to terrinha. Eu continuo aqui, na terrinha que fica do outro lado do mar. Descobrindo novas gírias, enfrentando os mal-humorados, adivinhando o tempo, deslocando minhas costas, desmistificando essa gente. Se eu pudesse fazer outra comparação estranha, diria que me sinto como Pedro Alvares Cabral quando descobriu o Brasil, só que um pouco mais bem informado.

Essa terra não tem palmeiras
Também não tem sabiás
As aves daqui são escuras
E não gorjeiam como lá
Mas aqui também tem primores
Outros tantos diferentes
E em cismar, sozinha, à noite
Encontro tanto lá, como cá
Todos bons de contar
Não permita Deus que eu esqueça
Das palmeiras, dos queijos, dos vinhos, dos sabiás
De tudo que eu encontro tanto lá, como cá

Nossa, depois desse momento poesia, melhor nem revisar esse pedaço que é pra não ficar deprimida, vou ali pro cemitério de montparnasse começar a viver como os boêmios do romantismo... e depois desse momento piada intelectual, eu paro logo de escrever, porque tudo isso é um mau sinal.

A diquinha de moda não tem, nesse email teve até momento poesia e momento piada intelectual, seguir tudo isso com uma diquinha de moda é demais pruma lida só.

O resumão da semana sempre tem, porque são momentos de minutos que valem a pena serem divididos em outros vários: lindo foi descobrir escondidos por entre os relevos dos arcos do Arco do Carrossel, ninhos, muitos, pequenos, camuflados, de andorinhas. E debaixo podia-se ouvir ecoando o canto alegre, ou talvez esfomeado, dos passarinhos. 

Pros olhos que ainda tem coragem, seguem algumas fotos (eu e o louvre, eu e a torre eiffel, eu e o sena, eu e...) nãão... não sou sádica a esse ponto, só tem eu e o arco do triunfo e eu e... hehe mas falando sério agora, tem 2 fotos do show que eu fui (rock en seine); eu acendendo uma vela que é pro santo ficar feliz, lá na notre dame; algumas do meu aniversario - karina + família / vô, vó e mamis; não deu pra anexar mais porque o email é plebeu e só tem 10MB de potência. No próximo, envio umas fotinhos de onde eu moro, e depois quem sabe de onde eu vou morar hehehe

Beijos e não reclamem, a única pessoa que pode reclamar aqui sou eu, que estou carente, sozinha, e mal-amada do outro lado do mar, em Paris (ha-ha-ha-ha) eu só faço isso que é pra vocês sofrerem um pouco também, sabe? de raiva ou de inveja.

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